HomeAmorLicença paternidade de 20 dias ainda é pouco
licencapaternidade

Licença paternidade de 20 dias ainda é pouco

(Thinkstock)

Até a quarta-feira 09/03, um homem que se tornava pai biológico ou adotivo tinha direito a cinco dias de licença paternidade no Brasil. Gente, em CINCO DIAS… mal dá pra aprender a trocar fralda com alguma agilidade. Depois o cara voltava ao trabalho para manter a renda familiar, mesmo que desejasse dar apoio integral nos primeiros dias de vida (ou de casa) da criança. Agora passa a vigorar uma lei que amplia esse período para vinte dias. Ainda é muito pouco. Até porque o benefício só vale para funcionários de empresas participantes do Programa Empresa Cidadã, menos de 5% dos brasileiros com carteira assinada.

Bem diferente do que acontece, por exemplo, em países como a Suécia. Casais suecos podem tirar, ao todo, 480 dias com salário – o pai é obrigado a se afastar da labuta por, no mínimo, dois meses; o tempo restante pode ser dividido entre os dois como quiserem. No ano passado, a Netflix foi além: anunciou que daria um ano de licença remunerada para seus empregados pais e mães, sem qualquer distinção. Mas o que está por trás de decisões como essas? Como pode ser importante para a sociedade? Por que isso tem tudo a ver com direitos sexuais e reprodutivos? Eis aqui apenas três das várias respostas.

1.       Reduz a desigualdade de gênero nas empresas

Um homem e uma mulher disputam uma vaga de emprego. Ambos têm A MESMA idade, IGUAL formação acadêmica e experiência profissional. Não é exagero supor que ele leva vantagem. Qualquer recrutador vai perguntar à candidata se ela já teve ou pretende ter filhos, considerando os meses em que precisará se ausentar de suas funções. Para o candidato, esse empecilho não existe: caso se torne pai, “a mãe dará conta do recado” inclusive quando alguém precisar buscar o filho doente na escola. Mais disponível e produtivo para a empresa, o homem continua brigando por promoções e aumento. A Organização Internacional do Trabalho afirma que as mulheres ganham, em média, 27% menos do que seus colegas do sexo masculino NO MESMO CARGO. Estima-se que essa disparidade só deve acabar daqui a 70 anos. E, não, nem todas as mães querem abrir mão de suas carreiras nem esperam que seus parceiros sejam “provedores”.

2.       Divide as tarefas domésticas e as responsabilidades com os filhos

Uma pesquisa do IBGE mostrou que, em relação aos homens, as mulheres gastam o triplo do tempo cuidando das tarefas domésticas. Quando uma criança chega, então, difícil fazer esse cálculo. Ajuda a lavar a louça e a roupa, por exemplo, não são favor – deveriam ser regra. Se o cara tivesse uma licença paternidade digna, ele poderia cuidar do bebê para que a mãe conseguisse tomar um banho e recuperar o sono da noite perdida. Ou poderia fazer o supermercado para que ela não precisasse carregar uma criança no carrinho junto com as compras. Ou entreter a criatura por uma hora para que ela pudesse dar uma caminhada e ver a luz do dia. E por aí vai. Para que um ser humano seja gerado, é necessário unir um espermatozoide a um óvulo. Portanto, as obrigações deveriam ser distribuídas em 50% e 50%. Fora que a convivência solidifica o vínculo pai-filho, o carinho de um pelo outro.

3.       Recupera antes a vida sexual do casal

O pós-gravidez é uma das fases mais complicadas para o desejo feminino. Não apenas pelas questões hormonais que interferem na libido, mas por todo o desgaste físico e emocional. Muitas vezes a mulher está exausta por dormir mal, dolorida nos braços e costas de tanto carregar a criança, com autoestima baixa graças às mudanças corporais, angustiada com a ideia de tomar decisões novas, reclusa do círculo social etc. Transar é a última de suas prioridades. É bem comum ouvir histórias de casais que ficam mais de um ano sem sexo após o nascimento do filho. A licença paternidade que se estende por meses, como na Noruega, não sobrecarrega a mãe e permite que a rotina volte ao normal muito mais cedo. Sentindo-se apoiada, tendo com quem dividir equilibradamente as responsabilidades e tarefas da maternidade, a mulher pode relaxar e redescobrir seu lado erótico.

**Este post foi originalmente publicado na coluna da Nath no Yahoo.

*LEIA MAIS:

– O que é educação sexual para crianças?

– Masturbação infantil: 10 fatos que nunca te contaram

– “Depois do parto, ele não faz mais sexo oral em mim”

– De onde viemos? Como falar de sexo com crianças

*SIGA PIMENTARIA:

– Facebook/napimentaria

– Instagram @pimentaria

– Twitter/napimentaria

– Youtube/napimentaria

Compartilhar:

Deixe um comentário