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Inteligência emocional: você tem?

Não sou uma pessoa fácil de conviver e, durante anos, achei que os outros andavam com uma bola de cristal a tiracolo para enxergar aquilo que eu estava sentindo. Não nego que estou mais para wasabi do que para docinho de coco. Semanas atrás, minha irmã veio jantar comigo, empolgadíssima: a empresa em que trabalhava havia contratado uma coach, alguém que otimizaria o trabalho dos funcionários depois de analisar suas características comportamentais. Mari disse que estava descobrindo muito sobre si, compreendendo melhor como agia e reagia a determinadas situações. E ela deu pra falar em siglas: “Nath, a gente brigou a vida toda porque eu sou ‘I’ e você é ‘E’…”.

Logo imaginei que “I” fosse “incrível” e “E” de “escrota”. Já tava preparando o safanão quando ela me sugeriu fazer um teste online para descobrir qual das 16 personalidades existentes me pertencia. São mais de 50 questões, todas em inglês. O resultado é de embasbacar! Tanta coisa fez sentido ao saber que sou uma “ENFP” – em linhas gerais: entusiasta, idealista, defensora de causas. O texto do site dá algumas pistas sobre quem você é, mas só o trabalho de um coach mesmo para que todas as informações sejam úteis no dia a dia.

> Leia mais: Sobre turbulências e máscaras de oxigênio

Eu só pensava nas patadas que dei no marido quando chegava em casa magoada com algo do trabalho, por exemplo. Hoje ele me vê emburrada e pergunta como tá a “barrinha de comida e de sono” (hahaha). Quantos relacionamentos estão em crise porque a gente é incapaz de SE perceber e manifestar isso para o outro? É a tal da inteligente emocional, malaguetada. Por isso, entrevistei a psicóloga e coach Monique Edelstein, a mesma que atendeu minha irmã – e, posso garantir, promoveu mudanças profundas nela.

– A gente cresce ouvindo que deve “tratar os outros como gostaria de ser tratado”. Isso funciona dentro de uma relação amorosa?
Não é bem assim. Eu tenho que tratar você como VOCÊ gosta de ser tratado. Somos seres sociais. A primeira necessidade do ser humano é ser aceito. Em algum momento, nós subjugamos a nossa natureza em prol do que o outro espera de nós. Por exemplo, usamos as roupas e as palavras que o outro usa, frequentamos os mesmos locais… Nos comportamos buscando identificação, buscando aceitação. O grande problema é que a gente não pergunta “o que você espera de mim?” – nem SE pergunta “será que eu tenho ou quero te dar o que você espera de mim?”.

– Me dá um exemplo prático do dia a dia?
As pessoas não jogam aberto na relação. Não dizem “me beija atrás da orelha porque é onde eu gosto”. Elas ficam insinuando a orelha e torcendo para o outro adivinhar o que querem!

– Verdade… Outra coisa: duas personalidade iguais, em geral, geram muitos conflitos. O ideal é encontrar alguém diferente de nós, que nos equilibre e complete?
Você se dá bem com quem você resolve que vai se dar bem. Não paramos para pensar. Simplesmente somos MAGNETIZADOS por pessoas. A personalidade doadora alguma hora vai cansar de doar e sentirá falta de receber. A questão é que ela fica doando na expectativa de que o outro perceba que aquilo é importante pra ela e retribua. Mas ela não verbaliza nem manifesta isso. O importante numa relação é perceber o que te falta e o que te sobra. E conseguir falar algo como “hoje eu até estou com vontade de fazer um jantar pra você, mas queria que você ficasse mexendo no meu pé aqui no sofá”.

– Ter consciência da própria personalidade ajuda a conviver com o outro?
Claro. A gente precisa prestar atenção no que está sentindo e ser corajoso o suficiente para manifestar para o outro. Não fomos educados a olhar para nós mesmos porque isso parece egoísta. Quando pegamos um avião, a comissária avisa que numa emergência você deve colocar a máscara de oxigênio em você para depois ajudar o outro. Por exemplo, quando você chega chateada do trabalho e sai xingando tudo. Se você tem consciência do que está sentindo e de como reage a essas sensações, pode dizer: “não tô legal porque deu problema no escritório, vou tomar um banho, preciso de dez minutos sozinha… não quero descontar em você, daqui a pouco a gente fica juntos”.

– Você ouve muito coisas do tipo “ela não entende o meu jeito”?
Muito. Todas as personalidades podem ser compatíveis, desde que as duas pessoas estejam dispostas a lidar com as diferenças. Certa vez, atendi um casal de pacientes bastante introvertidos. A situação que eles me trouxeram foi a seguinte… Ela entrou em casa falando que pediria um delivery de comida chinesa. Ele estava concentrado no jogo de futebol e disse, sem olhar pra ela, que era “junk food”. Ela suspirou e foi pra cozinha, chorando enquanto lavava a pilha de louça. Ele ouviu o choro dela, foi até lá surpreso e falou: “nossa, pode pedir o China in Box”. Ela contou que não estava chateada por causa daquilo, mas do trabalho. A besteira é que a gente não fala quando está frágil e precisando de um abraço! Percebo que falta conversa entre os casais.

– Dá pra “mudar a personalidade do outro”?
Por que você se apaixonou pela pessoa se quer mudá-la? Então, ele(a) é um projeto? Você pode até tentar mudar essa pessoa, mas a natureza dela vai gritar alguma hora… É aquela história do cara que se apaixona pela esposa porque ela andava de minissaia e esmalte vermelho, mas depois de casar não deixa que ela se comporte assim para não chamar a atenção de outros homens. Aí ela se transforma naquele trapo dentro de casa e ele deixa de gostar dela.

– Como a questão da personalidade reflete na vida sexual do casal?
Na manifestação do desejo, na forma como se toma a iniciativa que leva ao sexo. Mas aí também não é só personalidade, tem a questão cultural de a mulher ser coibida nesse sentido. Uma das queixas mais comuns entre os casais que atendo é “a gente trepa super bem, a gente só não conversa”. Ou seja, falta intimidade. Outra reclamação tem a ver com o espaço que as crianças ocupam na vida de um casal. Esquecem de se sexualizar e a vida fica toda focada nos filhos. É como se eles não tivessem mais o direito de sair para jantar e namorar durante a semana, fazer uma viagem sozinhos… Tem que ir com as crianças pra Disney e, para ficar mais barato, pega um quarto para os quatro, sabe?

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Comentários
  • Muito bacana, Nat!
    Fiz o teste e deu super certo….obrigada por compartilhar! bjo

    5 de maio de 2014
  • Adorei a entrevista, vamos ao teste…”conhece-te a tu mesmo”

    6 de maio de 2014
  • Tbm sou uma “ENFP”, rsrs.
    Gostei da matéria!

    6 de maio de 2014
  • Acabei de fazer esse teste de personalidade, muito bom! sou ENTP, conhecida como advogado do diabo, não gostei muito disso mas tudo bem! hahaha

    Seu blog é ótimo! Beijos

    6 de maio de 2014
  • Eu fiz o teste e deu “ENFJ”, mas a descrição não tava batendo em nada. Aí dei uma olhada no INFJ e foi na mosca! Sou uma falsa extrovertida. =p

    7 de maio de 2014
  • eu fiz e recomendo, tem tudo a ver comigo.

    8 de maio de 2014
  • Fiz o teste!!! E sou ESFP!

    Ri muito!!! rsrsrsrs Mas ainda tenho lá minhas dúvidas!!!! rsrsrsr

    Mas achei sensacional! Vou recomendar! 😉

    8 de maio de 2014
  • Otimo post! Seu blog eh otimooo!! Bjs

    22 de maio de 2014
  • o maximo

    27 de janeiro de 2015
  • Este artigo é um texto e tanto. Cheio de verdades que muitos de nós nunca parou para pensar a respeito.

    Afinal, o que leva homens e mulheres a fazer cu doce e não escancarar o jogo e falar abertamente entre si? Travas emocionais. Eu costumo dizer que – e mesmo aplicando isso na minha vida, não significa que a coisa saiu perfeita – uma relação é como uma decolagem de avião. Só se deveria juntar as escovas de dentes depois de fazer o check list. Coisa que poucos, creio, fazem. Se não estiver tudo checado, nem sigam em frente. Mesmo acreditando que ticaram todos os passos, ainda assim a chance de dar errado, se não abrem o jogo um para o outro, é imensa.

    23 de janeiro de 2016

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