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Casais idosos preferem morar em casas separadas no Japão

(Thinkstock)

Segundo uma reportagem do Japan News, uma nova forma de casamento vem ganhando popularidade entre os casais japoneses que estão na terceira idade: o “sotsukon”. O termo deriva da junção das palavras “sotsugyo” (graduação) e “kekkon” (casamento). Eles não querem se divorciar, mas viver em casas separadas depois de já terem criado os filhos e se aposentado. “Vamos começar este ano”, disse um entrevistado de 71 anos sobre o acordo com sua esposa. “Viveremos em diferentes cidades, no Sul e no Norte [do país], e visitaremos um ao outro”.

A reportagem publicada por um jornal japonês explica o movimento do “sotsukon” (Divulgação / The Japan News)

Esse arranjo matrimonial que desafia a tradição não é coisa nova. No meu círculo social, conheço ao menos duas mulheres em circunstâncias parecidas. A de trinta e poucos topou morar com seu companheiro, mas exigiu que tivessem e dormissem em quartos distintos. A de cinquenta e poucos está em seu segundo casamento, que dura mais de 20 anos sob a condição de terem, cada um, seu próprio apartamento. Ambas acreditam que assim podem preservar individualidade e independência. Suponho também que, evitando o desgaste inevitável da rotina, seja mais fácil alimentar o fogo da paixão e do sexo.

O que me surpreende no caso dos idosos é a escolha pelo “sotsukon” nesta fase da vida e dentro de uma sociedade tão conservadora como a japonesa. Algumas mulheres que ilustram a reportagem não querem mais dar satisfações toda vez que saem de casa ou passar o dia inteiro cuidando de um homem aposentado (sentem-se sobrecarregadas). Ou, ainda, optaram por esse estilo de casamento porque o casal não chegou a um acordo sobre onde e como gostariam de viver. Por exemplo, ela quer ficar na metrópole perto dos filhos e netos; ele sonha com um casebre no meio do mato.

Eles são de uma geração cuja ideia de casamento incluía “durar para sempre”. Não importa se “está feliz” ou se “houve violência”. A máxima era aguentar, perseverar, tolerar. Ou ser julgada como um “fracasso” e coisas piores. Vale lembrar que o divórcio só foi permitido no Brasil em 1977, gente! Talvez, imagino eu, o “sotsukon” seja a saída encontrada por alguns japoneses mais velhos de flexibilizar o casamento e evitar uma ruptura definitiva – não só porque livraria dos inconvenientes jurídicos e sociais, mas também dos possíveis sentimentos de culpa e arrependimento.

O Japan News traz ainda uma pesquisa de 2014 que entrevistou 200 mulheres casadas, com idades entre 30 e 60 anos: 57% gostariam de adotar o “sotsukon” no futuro e morar longe dos maridos quando eles se aposentarem. Durmam com esse barulho, japoneses…

**Este post foi originalmente publicado na coluna da Nath no Yahoo.

*LEIA MAIS:

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