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“Tratamento de choque” para impotência sexual

(Thinkstock)

Numa sociedade que valoriza taaanto o pau duro, brochar é sinônimo de falhar. Como se a falha nunca fosse do organismo em si, mas do homem e de sua virilidade. Fácil entender, portanto, o tremendo medo do desempenho sexual. Caras de vinte anos, completamente saudáveis, usando Viagra e similares como quem ingere um comprimidinho trivial para dor de cabeça. “Vai que…”, se antecipam.

Brochar não é, necessariamente, sofrer de impotência sexual. E existem muitos fatores responsáveis por te deixar “na mão” na hora H – o corpo das mulheres ou sua destreza na cama raramente são culpadas. É sobre isso que conversei com o urologista Wagner Raiter José, formado pela UNIFESP e membro da Sociedade Brasileira de Urologia. Ele acabou de trazer para o Brasil uma alternativa para quem realmente precisa de um tratamento para disfunção erétil: ONDAS DE CHOQUE! Ãhã, isso mesmo.

– Vamos explicar como acontece uma ereção dentro do corpo?

WAGNER – O pênis é como se fosse uma esponja envolvida por uma cápsula mais resistente. Quando o homem tem um estímulo sexual, por exemplo, uma mulher nua… muita coisa precisa funcionar. A parte neurológica dele precisa estar saudável para reconhecer as sensações e acionar outras engrenagens. Os hormônios devem estar em ordem para que os corpos cavernosos (estruturas de tecido no pênis) reajam. Mesma coisa com o sistema vascular, responsável por levar sangue ao genital e encher essa esponja. Assim acontece a ereção.

– E depois que o homem ejacula, por que demora para conseguir outra ereção?

WAGNER – Quando ele ejacula, todo esse sistema para de funcionar e leva uns 40 minutos para poder recomeçar. É uma questão fisiológica, acontece com todo mundo. Mas isso não tem nada a ver com impotência.

– Como saber se foi apenas uma brochada ou se trata de uma disfunção sexual mesmo?

WAGNER – Disfunção erétil não é um ou outro episódio isolado, mas problemas recorrentes de ereção que atrapalham a vida do homem. Sempre que ele vai ter uma relação sexual, perde a ereção ou não consegue tê-la.

– Quantos brasileiros sofrem de impotência?

WAGNER – Os dados são muito controversos, depende de como a pesquisa é conduzida. Estima-se que, após os 40 anos, metade dos homens terão algum grau de disfunção erétil. Isso não significa impotência, mas alguma dificuldade de ter ou manter a ereção. Ele também pode ter, só que o pênis fica meio “bambo”, não tão rígido quanto tinha 18 anos. Agora, impotência mesmo, calculamos que afete em torno de seis milhões de brasileiros.

– Quais as causas dessa disfunção?

WAGNER – Depende muito da idade do paciente. Quando ele é jovem, até por volta de 30 anos, geralmente está relacionado a questões psicológicas: medo do desempenho, culpa etc. No caso dos homens mais velhos, além disso, pode ser consequência de algumas doenças – hipertensão, diabetes, problemas vasculares, colesterol, tabagismo, distúrbios hormonais e neurológicos (AVC, Parkinson etc). E ainda tem aqueles que adquiriram impotência sexual depois de procedimentos médicos, como cirurgia de próstata.

– Fora que hoje temos uma longevidade bem maior, né?

WAGNER – Claro. E queremos viver com qualidade de vida, ter relações sexuais sadias por mais tempo. Não é porque ele está velho que vai ficar sem sexo. A expectativa de vida era de 40 anos até meados do século passado. Evoluímos na medicina, o que permitiu vivermos o dobro. Mas não adianta se cobrar para ter uma ereção igual a que tinha aos vinte anos. Ajuda ter uma alimentação adequada, fazer exercícios, controlar as doenças etc.

– Vivemos numa sociedade em que ereção é sinônimo de virilidade. Como uma “falha” dessas abala a autoestima dos homens?

WAGNER – Sexo é um momento de prazer e bem-estar. Claro que a ereção é importante, mas não a única coisa. Ele pode acontecer sem penetração, sem usar o genital… Só que não conseguir uma relação sexual completa sempre é desagradável, abala a autoestima do homem. E da mulher também. Muitas vezes, aliás, é ela quem marca a consulta com o urologista para ele.

– Elas acham que não são mais atraentes…

WAGNER – Exatamente. Dizem coisas como “ele não gosta mais de mim”, “deve ter uma amante”, “me culpo porque já tentei de tudo e ele não reage” etc.

– Quais os tratamentos disponíveis para disfunção erétil?

WAGNER – Até 1970 não tinha muito o que fazer, os homens usavam catuaba e fitoterápicos, que funcionavam mais como uma ajuda psicológica. Depois surgiu a reposição hormonal, mas apenas para quem tinha problemas hormonais, resolvendo 3% a 6% dos casos. Na década de 1980, vieram as injeções aplicadas direto no pênis antes do sexo e as cirurgias para colocação de próteses penianas. Existem dois tipos: a semi-rígida é um tubinho de silicone inserido dentro do pênis e ele fica sempre em ereção; a inflável funciona por uma bombinha colocada no interior dos testículos e, apertada, joga soro para encher a prótese no pênis. Aí, no final dos anos 1990, o Viagra foi uma revolução para alguns homens que não tinham doenças mais complicadas. Três anos atrás, surgiu uma máquina nova usando ondas de choque.

– Ondas de choque? Parece meio assustador.

WAGNER – Não tem nada a ver com choque elétrico. Essas ondas de choque já são usadas na medicina há trinta anos, por exemplo para quebrar cálculo renal. A tecnologia das ondas cria uma micro explosão, numa intensidade mais baixa que aquela usada em outros procedimentos, e provoca a produção de vasos sanguíneos. A ereção acontece justamente porque não entra sangue direito no pênis, então essas ondas de choque estimulam muito o fluxo de sangue.

– Você foi o primeiro a trazer essa máquina para o país e atende desde dezembro com ela. É caro fazer um tratamento desses?

WAGNER – O tratamento vai à causa do problema, custa cerca de três mil dólares (R$ 12 mil). Inclui quatro sessões, disparando ondas de choque em quatro pontos do pênis. Cada sessão leva vinte minutos, não dói nada, não precisa de anestesia. Os pacientes saem andando, normal, logo em seguida. Não requer nenhum cuidado especial. A produção de vasos sanguíneos, desencadeada no tratamento, continua acontecendo pelos próximos três meses. Atendi sete pacientes desde que a máquina chegou e eles já estão sentindo a diferença.

– Mas aí precisa voltar para mais sessões depois disso?

WAGNER – Não, não. O tratamento é muito recente na medicina, mas os estudos já mostram que o paciente continua com ereções até vinte meses depois – pode ser muito mais porque esses estudos ainda estão acompanhando os homens. Os mais jovens, entre 40 e 50 anos, param de tomar remédio e começam a ter ereções espontâneas. Homens com idade mais avançada e doenças, em que medicamentos como Viagra já não funcionavam mais, voltam a ter ereções usando-os depois do tratamento com ondas de choque.

***Este post foi originalmente publicado na coluna da Nath no Yahoo.

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