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Leitora: “transei com o taxista”

Ela me escreveu no final do ano passado. Por algum descuido, sua aventura se perdeu na minha caixa de emails. Dias atrás, enquanto passeava por conversas antigas, topei com o título de uma mensagem: “eu, leitora, transei com um taxista”. Como eu deixei passar uma história dessas? Respondi me desculpando e perguntando se poderíamos tomar um café. Tudo o que eu sabia é que ela trabalhava como psicóloga em São Paulo. Tenho vergonha de confessar que meu preconceito logo imaginou uma mulher velha e nada atraente. Mas foi assim. Então ela me reconheceu sozinha numa mesa e se identificou. Linda, esguia, olhos claros, 30 anos, formada numa das faculdades mais renomadas do país, articuladíssima. “Bom”, meu preconceito gritando de novo, “o taxista devia ser um Cauã Reymond”. Não, ele não era, como você vai descobrir no depoimento abaixo.

***

Minha história com sexo não foi sempre bem-resolvida. Quando eu tinha 17 anos, namorei um ano com um cara de 29. Transei com ele na primeira noite e ele me disse, meses depois, que cogitou não me namorar por causa disso. Lembro de ter respondido “gato, se você tivesse feito isso, eu que não te cogitaria como homem pra mim”. Bom, fingi todas as vezes em que transávamos. Acho que eu via o sexo como uma coisa para o outro, uma questão de performance. Entrei na faculdade e, com o tempo e as conversas com amigas e a terapia, fui percebendo o crime que era fingir – um crime contra mim. Vi o quanto eu estava me privando do prazer de verdade. Eu não tinha o menor contato comigo mesma, não sabia identificar as sensações do meu corpo. Uma vez, oito anos atrás, um amigo falou uma frase que me marcou muito durante um papo sobre sexo com a galera: “você goza com a sua própria boceta”. Na época, não entendi o que ele quis dizer. A busca pelo meu orgasmo foi gradativa, não teve um marco. Um dia rolou com um ex-namorado, estávamos muito apaixonados, e foi muito poderoso. No começo do ano passado, estava super apaixonada por um cara com quem o sexo era algo muito legal e me levava a orgasmos cósmicos. Dividíamos as nossas fantasias, não tínhamos ciúmes de transar com outras pessoas etc. Uma vez, eu contei pra ele que tinha o fetiche de ser paga para transar… de me prostituir por uma noite. Fomos para um motel, trepamos loucamente, ele pagou e depois dormimos de conchinha.

Um dia eu estava na Vila Madalena com as amigas, num bar que sempre vou para beber na calçada. À uma da manhã, o bar fechou e elas queriam ir embora. Eu estava bêbada e queria continuar bebendo e conversando. Resolvi ficar sozinha, dei uma andada para ver se encontrava alguém… não encontrei e pensei “que merda, devia ter ido também”. Sentei numa esquina para tomar uma cerveja, meio abandonada, quando decidi ir para casa. Peguei um táxi na rua. O motorista era um tiozão argentino. Uns 55 ou 60 anos, grisalho. Conversamos normal, foi me dando vontade! Eu estava numa fase de viver outras experiências… eu já tinha feito ménage, beijado mulher etc. Eu vestia um micro-short nesse dia e, com essa cara de menina, era a perfeita Lolita. Não me lembro muito bem como, mas comecei a me insinuar no meio do papo. Não foi uma coisa planejada, foi acontecendo. Quando ele parou em frente à casa dos meus pais, eu tava com a perna entre os dois bancos… Ele colocou a mão na minha perna, depois dentro do meu short e foi indo. A gente começou a se pegar e eu falei “vamos para algum lugar”. Eu tava bêbada, mas sabia que meus pais estavam do outro lado do muro. Aí a gente foi para um drive-in na Vital Brasil, uma região pré-Raposo Tavares e todos motéis.

Eu não me lembro nem o nome dele, não sabia se era casado ou tinha filhos. No caminho, perguntei se ele tinha camisinha e ele disse que não. Então o fiz parar numa farmácia ou não teria conversa. Eu não queria nem que ele me beijasse… Eu queria um pinto e ele tinha um. Não queria me relacionar. Em geral, é o inverso que acontece, né? Eles que querem só isso da gente. Transamos por quase uma hora, foi ótimo, mas eu queria ter o controle para não virar putaria demais. A situação impôs um nível de adrenalina para que eu ficasse ligada porque envolvia riscos. Eu tava com um desconhecido, né? O pinto dele era gigante, não brochou, me comeu delícia. Acho que não tive orgasmo, mas eu amei ter feito. Quando a gente estava na porta da minha casa, antes do drive in, cheguei a dar 20 reais pela corrida. Aí, no final do sexo, eu perguntei quanto ele iria me pagar. Falei sério! Ele ficou chocado, acho que imaginou que tinha sido escolhido… Ele disse que não era nada disso e eu pedi, pelo menos, meus vinte contos de volta. No mínimo, a gente sai no zero a zero.

Ele me levou para casa e ficava passando a mão no meu rosto, dizendo “ai, linda”… E eu tava tipo “sai, cara, não é isso”. Quando cheguei, estava meio apavorada, me achando uma louca e preocupada porque ele sabe onde eu moro. Eu falava pra ele “eu nunca fiz isso antes, foi a primeira vez, não me procura mais, isso nunca aconteceu”. Ele falou que tudo bem e jamais reapareceu. Passei várias semanas abrindo o portão de casa e com medo de ele estar ali. Acho que até hoje ele deve bater punheta pensando em mim. Deve rolar no mundo dos taxistas essas lendas e ninguém acredita, né? Ou acham que aconteceu com uma velha gorda… Contei para a minha melhor amiga, meio com medo de me julgarem, e ela disse: “para de contar que eu tô ficando excitada”. Eu não me senti culpada nem que tivesse feito algo errado. Mas eu sentia que eu devia ter me sentido assim, entende? E não, eu só pensava que o corpo é meu e faço com ele o que me der vontade.

Depois da primeira, contei a história para outras amigas. E elas também conheciam casos de outras pessoas que fizeram o mesmo – se não com o taxista, com o mecânico etc. O que me chamava atenção é que elas perguntavam se eu tinha usado camisinha – mas só porque ele era taxista. Ninguém me pergunta isso se eu pego um cara na balada. Qual a diferença entre eles? Isso não é preconceito? Não tô nem aí se acham um absurdo o que eu fiz. Eu me senti com tanta posse de mim mesma, ninguém tem nada a ver com isso. Eu me vi no lugar que sempre é ocupado pelos homens. Ele com aquela cara de “você só quer me comer?” e era exatamente isso que eu queria. Só isso. Eu queria usá-lo, mas de uma maneira consensual. Continuo frequentando o mesmo bar, não sei se ele é taxista daquele ponto. Por um tempo, fiquei com receio de reencontrá-lo. Eu ia negar até a morte e dizer que ele estava me confundindo com outra pessoa. Porque, de fato, eu não era aquela lá.

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“Nossa estreia no Swing”

“Meu marido propôs sexo a três – e foi incrível”

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Comentários
  • qual a chance disso aí ser verdade?

    11 de julho de 2014
    • Pq nao ser verdade? Pq mulheres no seu mundo nao tem desejos, nao tem fantasias? So homens podem desejar a carne??? Querido, as mulheres desejam e FAZEM muito mais q vc imagina… tolinho!!!

      27 de maio de 2015
  • Agora entendi porque é tão caro conseguir uma autonomia de taxi.

    []s
    O Carioca

    13 de agosto de 2014
  • A probabilidade de ser verdade é de 100%!
    Assim como a “Lolita” acho engraçado os homens terem o poder de decidir com quem vão transar e saírem de garanhoes, agora a mulher decidir transar assusta!
    Vamos lá, mulher também tem desejo como um homem de querer unicamente, exclusivamente um pinto para satisfaze la, assim como o homem sai para caça querendo uma boceta, coisa simples!! Um órgão precisa do outro para concluir a ação fisiológica do orgasmo.
    Eu creio que a nossa cultura brasileira cria esses tabus, só o homem está tirando vantagem sobre a mulher!!! Espera! A mulher não está tirando prazer também?! Ela também pode gozar como o parceiro!
    Vivi anos pensando assim, ai não vou dar para ele porque ele só quer me comer! Perdi foi tempo!!!
    Hoje penso se saio e encontro um cara que transmite o básico de confiança eu faço sexo com ele! Primeiro que até a palavra comer é irônica, quem come mesmo é vagina. O cara é bacana, tem camisinha, sei que não vai me matar e fazer daquelas cenas SUV Law and Order então eu saio e já aviso, não espere por café da manhã, troca de telefone, dormir de conchinha… Será sexo, você homem, quer meu corpo para sentir prazer, ótimo eu também desejo o seu e ponto!
    Acho hipocrisia essa de se sentir usada pelo cara no sexo, homem usa mulher, sim usa, em sentimentos e ilusão de um grande amor.
    Enfim, eu fui “comportadinha” por tempo suficiente. Se o Mr.Right aparecer beleza! Mas enquanto isso eu vivo!! E se o cara leva susto de saber que só quero o pinto dele, beleza! Tem quem entenda e não faça essa cara “como assim você, mulher, quer me só para sexo?”
    E para as amigas que julgam o fim da humanidade este comportamento, desculpa, mas eu não vou fingir que sou feliz e passar o resto da vida sem orgasmo 😉

    17 de junho de 2015
  • É Marcela você tem toda razão quanto ao: “…as mulheres desejam e FAZEM muito mais…”. E tem todo o direito de sentir, querer, fazer, saciar desejo e ego. Mas muitos, uma maioria se assusta quando encontra uma mulher decidida e determinada, de atitude.

    Aplausos pra você e para a Paulistana logo abaixo do seu comentário.

    24 de janeiro de 2016

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