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Curso de oral para homens acaba com a “lambida de vaca”

Aline Castelo Branco, sexóloga, ministrará o curso de sexo oral (Foto: arquivo pessoal) 

Os ómi bem que podiam nascer com a língua adestrada para servir nossas vulvas e fluentes no idioma clitorianês. Mas a vida não é só orgasmo múltiplo, né? E vamos combinar que muitas de nós morrem de vergonha de explicar a coreografia da chupada-top-das-galáxias. Não é o caso da educadora sexual Aline Castelo Branco, pesquisadora do Núcleo de Sexualidade da UNESP – Araraquara e diretora do portal Mundo da Intimidade. Em novembro, ela vai ministrar um curso de Sexo Oral para homens, em Salvador (BA). Mais de 300 interessados escreveram para fazer inscrições ou pedir que a palestra viaje para outras cidades. É brasileiro quebrando cofrinho, em tempo de crise econômica, pra aprender a dar mais prazer sexual. Troquei uma ideia com Aline, também jornalista, sobre o conteúdo do curso e o tabu da ~cunilíngua~. Ela identificou e classificou três espécimes: “homem lambida de vaca”, “homem furadeira” e “homem sugador”. Vem entender…

PIMENTARIA – Segundo uma pesquisa da Sex Wipes, um em cada três homens tem repulsa por fazer sexo oral na mulher. Claro que a marca de toalhinhas higiênicas tá pra lá de interessada em reforçar a ideia de que nós precisamos recorrer a produtos como esse para acabar com o “fedor” e “incentivá-los” a cair de boca… Mas, você acha que esse dado é real – boa parte dos caras têm nojo da prática? Por que?

ALINE – Desconheço esta pesquisa, por isso não tenho como opinar sobre ela. Mas diante das pesquisas que realizo na universidade e no mestrado em sexualidade verifico que o sexo oral ainda é um tabu e tem rejeição por ambos os sexos (masculino e feminino). Os órgãos genitais devem estar muito limpos e cheirosos para que se possa “cair de boca”. Talvez o nojo seja o principal elemento dessa falta de desejo pela prática. Em 2013, fizemos o primeiro curso de sexo oral feminino do Brasil, capacitamos 250 mulheres. Entre as razões para a procura do curso, foram identificadas expressões de nojo, medo, obrigatoriedade e falta de desejo. Verificou-se que 70% das mulheres fazem o sexo oral por necessidade e 30% o praticam com frequência, mas têm dúvidas do que fazer. No caso dos homens acredito que esse resultado seja semelhante. Para aqueles que não gostam, sempre dou a dica de usar o papel filme ou um saco plástico fino que evita o contato direto com a vagina.

PIMENTARIA – Nunca conheci um homem sequer com nojo do próprio pau. Mas toda semana recebo emails de mulheres com asco de suas vaginas – acreditam que é feia, suja, fedida. E, por isso, não se sentem à vontade para receber sexo oral. Há uma questão cultural fortíssima aí. O que você diria para convencê-las a relaxar?

ALINE – Meu primeiro conselho é pegar o espelho e apreciar sua piriquita. A mulher que não conhece seu órgão muito dificilmente vai saber sentir prazer. Olha, constantemente nos cursos e nas mensagens que recebo no blog Mundo da Intimidade, perguntam sobre o toque na vagina ou masturbação feminina. Você acredita que tem gente (adulta) que me pergunta por onde sai a menstruação?  E nem sabe direito o que é clitóris.  É preciso se conhecer, se tocar, saber onde é melhor. O problema da sexualidade feminina é histórico. Durante séculos fomos reprimidas, proibidas de gozar. A mulher que não se masturba perde a chance de ter mais prazer com o seu próprio parceiro e, principalmente, sozinha. O bom da vida é Amar, Transar e Gozar!

PIMENTARIA – Em novembro, você dará um curso de sexo oral para homens em Salvador. O que te motivou a montar esse evento? Como está a procura?

ALINE – Muitas clientes, leitoras e ouvintes se queixavam dos companheiros, que não sabiam fazer o oral nelas. Durante dois anos preparamos o curso, fizemos uma pesquisa de mercado para saber se os homens estariam dispostos a participar de uma ação como esta. Antes de lançar, confesso que tive receio devido ao machismo impregnado em nossa sociedade. Muitos homens acham que sabem fazer tudo, mas na hora H deixam a desejar. Aí, na mesa do bar, falam que botaram pra foder com a garota. Tudo mentira. Eu trabalho com a ideia de Sexualidade como meio pedagógico. Ninguém nunca ensinou como transar. Não tivemos Educação Sexual. Por isso, acredito que Sexualidade deve e pode ser aprendida. Tive uma surpresa porque já recebemos 368 emails de homens interessados – não só da Bahia, mas de várias partes do Brasil. Nenhum teve um tom pejorativo, todos querendo melhorar o desempenho para dar prazer a parceira. Isso é evolução dos tempos.

PIMENTARIA – Qual o conteúdo do curso e como ele será conduzido? O povo sempre acha que terá alguém demonstrando na prática…

ALINE – Bom, não vou entregar o jogo senão estraga a surpresa. Será informativo e muito divertido. Teremos a parte teórica para o homem conhecer de verdade o órgão feminino: saber a diferença de vulva e vagina, onde fica o clitóris e como tocá-lo. Vamos ter vídeos e a parte prática será com um material exclusivo que estamos em produção. Não tem nada de prática com uma mulher.

PIMENTARIA – Pela inabilidade no sexo oral, você classifica os homens em três categorias. Conta mais!

ALINE – Menina, eu desenvolvi essas classificações depois de algumas experiências pessoais e também diante das pesquisas realizada com as 250 mulheres que participaram da primeira edição curso de sexo oral feminino. Os piores homens na prática do oral são: 1. “Homem lambida de vaca”, aquele que fica com a língua subindo e descendo em movimentos contínuos sem atingir diretamente o clitóris; 2. “Homem furadeira”, aquele que faz bico e fica com a cabeça para um lado e para o outro como se estivesse procurando o buraco; 3. “Homem sugador”, aquele que faz bico de peixe suga o clitóris tão forte que chega a machucar.

Para mais informações sobre o curso: cursosintimidade@gmail.com . O Mundo da Intimidade também tem plataforma de cursos online, via Skype, para qualquer lugar do país. 

**LEIA MAIS:

 Entrevista sobre sexo oral e xoxotas com baixa autoestima

– Sete coisas que broxam as mulheres

– A cena de Girls: o tabu do beijo grego e do sexo anal

– Manual do Homem Moderno: “Sem essa paranoia de cheiros ou pelos, eu quero te chupar”

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Comentários
  • Adorei tudo o que ela disse, menos a parte do “para aqueles que nao gostam sempre dou a dica do papel filme para evitar contato direto com a vagina”. Porra… Imagina a gente colocando um saco no pau deles pq temos nojinho? Se um cara fizesse isso cmgo juro que pararia na hora e “bjo e nunca mais me liga”. Manda o cara pra terapia, mas fazer isso não pelamordedeus.

    4 de outubro de 2015
  • Muito boa esse post! Para os homens (também mulheres) que por algum motivo sentem “nojo” de algo, uma ótima saída é usar cosméticos eróticos específicos para o Sexo Oral… Na Magia Sensual Sex Shop Online temos vários tipos de géis para sexo oral.

    18 de outubro de 2015
  • Eu já vi essa dica, mas foi por outro motivo. Foi num canal lésbico em q ela falava q era pra fazer sexo oral assim para tentar evitar DST já q o governo nunca estudou e desenvolveu algum preservativo para uso de sexo oral feminino

    2 de dezembro de 2017

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