A vida sexual das mulheres com câncer de mama
Diante de cem mulheres em tratamento contra o câncer de mama, ouvi relatos sobre o impacto da doença na sexualidade e nos relacionamentos amorosos. Muitas delas nunca haviam tocado no assunto. Não só porque é delicado expor a própria intimidade, mas porque profissionais da saúde não costumam perguntar nem parecem preocupados com esse aspecto do dia a dia das pacientes… Mesmo que o bem-estar sexual esteja entre os pilares da qualidade de vida, segundo a Organização Mundial de Saúde.
“Perdi totalmente o desejo, não transo com meu marido há mais de um ano”.
“Ele não entende por que não fico lubrificada, acha que não estou gostando”.
“Só transo de luz apagada, sem tirar o sutiã com enchimento”.
Uma pesquisa australiana publicada no Journal of Sexual Medicine revelou que cerca de 70% das mulheres em tratamento contra o câncer de mama têm problemas na vida sexual durante esse período – e acontecem com mais frequência até dois anos depois do diagnóstico. Que problemas são esses? Perda de libido, secura vaginal, dor na penetração… Causas emocionais e físicas relacionadas à doença alimentam um ciclo vicioso que atrapalha horrores o prazer feminino. Países como Estados Unidos já usam o termo “oncosexology” (oncosexologia, em tradução livre) e discutem como formar médicos, enfermeiros e psicólogos que não deixem de lado a sexualidade dessas mulheres.
É comum que intervenções médicas como quimioterapia façam cair cabelos e pelos, alterem o peso, provoquem cansaço e náusea etc. Da mesma forma, tratamentos hormonais podem interferir bastante no sexo em si. Como o corpo não produz lubrificação vaginal suficiente inclusive quando a mulher está excitada, a penetração fica dolorosa. Se o(a) parceiro(a) não entende isso… transar vira algo desconfortável para ela e o interesse desaparece. Lubrificante à base de água e até óleo de coco funcionam bem. Em alguns casos, o ginecologista prescreve um creme para ser colocado dentro do canal vaginal e hidratar a mucosa.
“Mas nada é pior pra autoestima e pro sexo do que arrancarem um pedaço de você”, me disse uma paciente que passara pela mastectomia (cirurgia de retirada da mama). O seio é tido como um símbolo de feminilidade, sedução, zona erógena. Não à toa ela ficou insegura, com receio de como o marido reagiria à sua nova nudez. Ele a acolheu, mostrou que ainda a desejava, conversaram muito para que ela ficasse à vontade na cama. Para o casal, a doença fortaleceu a intimidade e a cumplicidade. Essa paciente estava animada com a perspectiva de colocar a prótese pelo SUS.
Nem todas as mulheres mastectomizadas decidem se submeter a outra cirurgia. Há quem decida, mas por questões médicas, precise esperar. Por isso achei incrível a iniciativa do “Mamas do Amor”, que doa mamas feitas de meia 3/4 e alpiste (sim, comida de passarinho) para se adequar em diversos tamanhos de sutiã. No site, também ensinam a fabricá-las.
***Este post foi originalmente publicado na coluna da Nath no Yahoo. Foto: Pixabay
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