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A Culpa é das Estrelas: você deixaria de amar se pudesse prever o fim?

Quando os créditos subiram na tela e as luzes acenderam, fiquei feliz por ter dispensado o rímel naquela ida solitária ao cinema. Hazel e Augustus, personagens de “A culpa é das estrelas”, me deram uma desculpa poética para desaguar as minhas angústias não-ficcionais. O bom de chorar num filme é que você não precisa justificar nada a ninguém. A trama criada por John Green, lida por milhões de pessoas, me trouxe um precioso insight. Para quem não sabe, os dois adolescentes se conhecem num grupo de apoio a pacientes com câncer. Com a doença em fase terminal, Hazel evita se envolver com medo de magoar Augustus. E ele a convence de que vale a pena viver enquanto houver vida. Então, a despeito do inevitável, eles se apaixonam e experimentam juntos novas possibilidades. É lindamente clichê.

 

A certa altura do filme, Hazel declara a frase que ecoou tanto em mim: “You gave me a forever within numbered days” (algo como “Você me deu uma eternidade dentro dos nossos dias contados”). Hazel e Augustus se referem à morte propriamente dita, mas penso nas pequenas mortes que sofremos em nossa biografia. Somos feitos também de pontos finais, de relacionamentos que nos marcaram para sempre. Bons ou ruins, jamais poderemos agir como se eles não tivessem existido. Porque, de alguma forma, eles nos modificaram eternamente. Você deixaria de amar e de construir memórias lindas se pudesse prever o fim? Eu não. Ainda que terminasse em ranho, soluços e travesseiro encharcado. Há poucos anos, escolhi olhar para as minhas decepções sem o ressentimento de antes.

Se a gente não pode controlar a tristeza que vem, pode escolher como lidar com ela. Não há esforço mais besta que tentar apagar alguém da nossa história. Você pode se distanciar dele (a), perder o contato, difamar, se arrepender de tudo, se sentir um (a) idiota, odiar profundamente. Faz parte do luto. Mas, lamento dizer, não dá para voltar no tempo. Essa pessoa vai fazer parte de quem você é (ou de quem se tornou) até o literal fim da sua vida. Talvez seja mais inteligente procurar os indícios do que você aprendeu e o quanto cresceu com cada um desses “dias contados”. Mesmo que você tenha sido traída (o), humilhada (o), abandonada (o) etc. Que lições você tirou disso? Em quem você se transformou? Porque, se você permaneceu o mesmo, não adianta botar a culpa nos outros. Nem nas estrelas.

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Comentários
  • “Meu amor, o que você faria se só te restasse esse dia? Se o mundo fosse acabar, me diz o que você faria!”

    Pergunta capciosa. Primeiro porque ninguem escolhe se apaixonar. Simplesmente acontece. Segundo porque, ninguém se lança de cabeça a um amor que tem data e hora pra acabar.

    Melhor seria se houvesse “batuque e confusão, porque o mundo não se acabou!”

    []s
    O Carioca

    2 de julho de 2014

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