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AnticoncepcionalMasculino

Testes com anticoncepcional masculino têm sucesso. E agora, hein?

Ganhei a primeira cartelinha de anticoncepcional por volta dos 12 anos. Pouco depois de estrear um absorvente. Muito antes de perder a virgindade. Diante do diagnóstico de Síndrome do Ovário Policístico, a médica prescreveu a pílula como tratamento. Prestes a entrar na adolescência, eu não estava disposta a lidar com sintomas do tipo ganho de peso, excesso de acne e pelos no rosto. Ingeri essa bomba hormonal por 19 anos, mais da metade da minha vida. Sou parte de uma geração em que muitas mulheres praticamente desconhecem o funcionamento natural de seu sistema reprodutivo (desde que me livrei da pílula, seis meses atrás, ando encantada com os sinais da ovulação e o aumento do tesão!). Como tantas, troquei de marca umas cinco vezes na tentativa de amenizar efeitos colaterais – dores de cabeça, alterações de humor, cansaço e diminuição da libido. Fumante na vida adulta, assumi o risco de ter AVC e trombose, para dizer o mínimo.

Apesar de tudo isso, a pílula também foi conveniente enquanto método contraceptivo. É a escolha de milhões de nós no mundo inteiro. A eficácia dela, se tomada corretamente, gira em torno de 99%. Acontece que, assim como eu, 58% das brasileiras esquecem de tomá-la ao menos uma vez por mês. Há quem nos empunhe o dedo em riste: “Que irresponsabilidade!”, “Depois não sabem por que engravidam!”, “Querem dar o golpe da barriga!”. Nunca, nunquinha, ouvi alguém indignado(a) com a falta de comprometimento e empatia dos parceiros. “Amor, tá na hora de tomar a pílula!”. Ué, se são beneficiados no prazer e na prevenção de uma gravidez indesejada, por que eles não se incumbem de nos lembrar diariamente?  Aliás, quantos assumem o ônus de ir à farmácia e pagar por ela?

Quase seis décadas atrás, o surgimento da pílula anticoncepcional desencadeou a primeira Revolução Sexual e deu às mulheres liberdade e autonomia sobre o próprio corpo. Passamos a decidir, por exemplo, se e quando queríamos ter filhos. Então nos encarregamos, empoderadas, de impedir a fertilização do óvulo. Sob doses pesadas de hormônios. Por mais que a ciência tenha evoluído, essa autonomia ainda nos custa caro. A possibilidade que temos hoje de optar ou não pela pílula é uma conquista feminista inquestionável. Mas também coloca sobre os nossos ombros a responsabilidade pela contracepção. Quantos homens (e mulheres) se recusam a usar camisinha? No final das contas, sobra pra quem?

Homens produzem milhões de novos espermatozoides após cada ejaculação, ou seja, são férteis todos os dias do mês. Mulheres nascem com uma determinada quantidade de óvulos que, ao contrário, são liberados apenas uma vez por mês – e sem reposição! Não faz mais sentido, por exemplo, em um relacionamento estável, que ELES adotem um contraceptivo oral? Por que SÓ AGORA parecemos realmente próximos da invenção da pílula masculina? Será que esse “atraso” em relação à pílula feminina não tem a ver com a “cômoda” desigualdade de gêneros?

Na semana passada, um grupo de pesquisadores da Universidade de Washington (EUA) apresentou os resultados dos testes clínicos realizados com o que pode ser o primeiro anticoncepcional masculino. Apelidado de DMAU, a dimethandrolone undecanoate contém uma combinação de hormônios que inibe a produção de espermatozoides. Dos 100 voluntários entre 18 e 50 anos, 83 completaram todas as etapas do experimento de 28 dias. Eles foram divididos em grupos: enquanto alguns receberam apenas placebos, outros tomaram a DMAU em diferentes dosagens e formulações.

Quem tomou diariamente a cápsula com maior dosagem teve redução considerável nos níveis de testosterona, hormônio fundamental para a produção de espermatozoides. Daqui a uns meses/anos, os pesquisadores esperam comprovar que a droga bloqueia essa fábrica. Todos os homens ganharam peso e tiveram queda nas taxas de HDL – o colesterol bom -, mas não houve mudanças significativas no humor e na função sexual (ereção e ejaculação). Uma minoria reclamou que a libido diminuiu. Bem-vindos à realidade da maioria das mulheres que toma pílula! Ainda não dá para saber se existem efeitos colaterais a longo prazo e em quanto tempo a fertilidade do homem volta ao normal depois de abandonar a pílula.

Quantos terão coragem? Tá fácil, homens. Apesar dos efeitos colaterais… vocês nem vão ter que conviver com cólica, TPM e absorventes.

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*Este post foi originalmente publicado na coluna da Nath no Yahoo. Foto: Getty Images.

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