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Sexo tântrico: horas de relação, com orgasmos intensos e sem ejacular. Pode isso, Arnaldo?

No meu chá de lingerie, uma amiga trouxe um presente que causou burburinho: um ovinho de um material que parece mármore, pesado e com um furo no meio. Diante da curiosidade geral, foi obrigada a explicar que servia para treinar os músculos da vagina e propiciar orgasmos mais intensos. Contou também que seu marido, o mestre de yoga Victor Lino, é especialista em sexo tântrico. Pronto: a inveja foi coletiva. Aos 37 anos, dos quais oito como professor de tantra, Victor pesquisou muito sobre o assunto e fez cursos na Tailândia para se aprofundar. Ele conta que a filosofia do tantra surgiu há mais de cinco mil anos, na região em que hoje se situa o Paquistão – a sociedade surgida ali teve seu comportamento estudado por muitos séculos. Aqui, o mestre conta sobre as lições que mais nos interessam.

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O mestre de yoga Victor Lino: “Nos últimos anos, ejaculei duas vezes, apenas para que a minha mulher engravidasse”.

– Qual a principal diferença entre o sexo comum e o sexo tântrico?
A mulher é personagem central no sexo, a deusa personificada. Ela não é submissa ao homem, como na nossa sociedade, mas adorada e reverenciada. Por isso, consideramos que a ejaculação precoce não tem a ver com o tempo em que o homem demora a gozar, mas quando ele chega ao clímax antes de ter proporcionado orgasmo para a mulher.

– Ou seja, ele precisa aprender a segurar a ejaculação sempre?
Sim. E ele nem precisa ejacular de fato, assim pode ter vários orgasmos na mesma relação. Nos últimos anos, por exemplo, ejaculei duas vezes: ambas para engravidar minha mulher (o casal tem dois filhos).

– E não dói acumular sêmen por tanto tempo?
No início do treinamento, doi. Depois, com as técnicas do tantra, o corpo acostuma. Ejacular significa perder energia, assim como menstruar. Meu organismo só precisa produzir semen quando gasto, o que é raro. Mulheres com anemia e depressão poderiam se sentir melhor se praticassem para interromper o ciclo menstrual com exercícios práticos e meditação. É importante ter a consciência e o controle do próprio corpo.

– Por que é prejudicial não ter esse controle?
Por exemplo, na mulher, o orgasmo está muito ligado à contração do períneo. Os músculos dessa região se contraem e dão impulsos elétricos que sobem pela coluna até o cérebro. Se essa musculatura não está forte, ela não gera uma quantidade de energia suficiente para alcançar a mente e despertar a sensação de prazer.

– O orgasmo é mais intenso com essa prática?
Totalmente. Quando o homem ejacula, acabou o ato sexual. Ele fica cansado, “desmaia”. Se aprende a controlar a ejaculação, não se limita a ter um orgasmo por relação. No tantra, o parceiro se excita até chegar ao orgasmo. Então controla a diminuição da excitação, sem parar a transa, e depois a desperta de novo para outros orgasmos. Em vez de durar minutos, o sexo pode levar até seis horas consecutivas. Só depende do preparo físico. E os dois gozam juntos porque, quando o primeiro alcança o clímax, gera uma energia sexual que impulsiona outro a gozar também.

– Caramba: seis horas! Nunca rola uma rapidinha?
Eu tenho filho pequeno, então precisa rolar umas rapidinhas. Não dá para toda vez transar por quatro horas.

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No sexo tântrico, a mulher deve ser reverenciada. Ejacular antes de proporcionar orgasmo a ela é proibido.

– No sexo tântrico a penetração é o de menos, certo? Ele começa beeeem antes de ficarem nus.
Sim. O sexo começa com o preparo do ambiente, como deixar a luz mais agradável, acender um incenso. Depois, com o cuidado com o corpo: os dois precisam estar limpos e cheirosos. Daí partimos para o carinho, para exercícios de respiração com troca de energias, falamos coisas legais um para o outro, nos preocupamos em nos conectar. Só então passa para a fase de carícias e estimulação sexual, como beijos pelo corpo. Quando a mulher estiver bem excitada e lubrificada, inicia a penetração. Algumas posições são preferenciais, como a mulher por cima. Isso porque ela é considerada a deusa, deve controlar a situação. Pode até ser que não chegue à penetração, a grande ansiedade das pessoas.

– Como assim?
Pode ser apenas um tempo para o casal, um clima para namorar e ficar juntos. Tirar a ideia do sexo com penetração também tira a pressão sobre as pessoas. A cobrança de cumprir o papel de macho e não brochar, por exemplo. Os problemas e as disfunções sexuais, na maioria das vezes, são emocionais, não orgânicos. Quando passa a encarar o sexo como prazer sem necessariamente penetração, a pessoa fica mais tranquila e relaxada para aproveitar.

– Qual o perfil dos alunos do seu curso?
Qualquer um pode fazer o curso, independente de idade, forma física, se tem parceiro ou não. Veto apenas quem tem uma visão deturpada do tantra – como garotos que querem segurar a ejaculação só para se mostrar para as meninas, de forma egocêntrica.

– O que eles aprendem?
As aulas duram três meses, uma vez por semana. No início, exploro com eles os órgãos do sentido. Mostro como deixá-los mais aguçados e preparados para o sexo. Falo sobre olfato e peço para prestarem atenção se o cheiro do parceiro se altera quando ele fica excitado. Ou sobre como o toque pode ser usado de diferentes formas: que regiões do corpo pedem toques mais leves ou fortes. Depois ensino técnicas como controlar a ejaculação, aumentar a energia sexual e movimentá-la no corpo, trabalhar a musculatura do canal vaginal. Passo exercícios para treinar em casa e ampliar a intensidade do prazer no sexo.

A opinião da mulher dele sobre o tantra:

“Quando falamos em Tantra, geralmente o que vem à mente na hora é um homem mantendo sua ereção por horaaaas a fim. O Tantra é muito mais do que isso. Das primeiras vezes que o vivi, achei estranho e francamente não sabia se ia me adaptar. Mas, com o tempo (que nem foi tanto tempo assim), vi que o nível de prazer havia aumentado bastante. Além disso, eu estava sentindo meu parceiro muito mais durante o maithuna (=ato sexual), os orgasmos eram mais longos e focados. Estava gozando com o coração. Sentindo meu amor gozar com o coração –  atenção: aqui gozar é diferente de ejacular. O caminho é longo, mas vale a pena percorrê-lo, sem pressa”.

* Victor Lino dá aulas em São Caetano do Sul, onde mantém uma escola de yoga. Uma nova turma de Tantra começa no dia 26/05 e dura três meses, sempre às segundas-feiras, 21h15. Podem participar pessoas sem qualquer conhecimento em Tantra ou Yoga (SIM, EU ESTAREI LÁ!). Mais informações, escreva para: contato@prakritiyoga.com.br

>> Leia mais: Massagistas tântricos – eles te levam ao orgasmo usando apenas as mãos.

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Comentários
  • […]um ovinho de um material que parece mármore, pesado e com um furo no meio. Diante da curiosidade geral, foi obrigada a explicar que servia para treinar os músculos da vagina e propiciar orgasmos mais intensos.”
    Que seria isso, estou aprendendo sobre o pompoar, me explica.

    6 de maio de 2014
    • Chama-se ovo de jade, Jussi! Acabei de perguntar pra minha amiga 😉 E Você tá fazendo pompoarismo? Que legal!

      7 de maio de 2014
  • Deveria ter um curso online!

    22 de maio de 2014
  • Nath, vc poderia divulgar endereços confiáveis no Rio de Janeiro para aprender sobre sexo tântrico e também massagistas tântricos? Vemos muita propaganda por aí mas tenho medo de entrar em alguma furada. Obrigada!

    3 de novembro de 2014

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