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O homem perfeito pra você não é aquele que você está procurando

A gente nem se dá conta, mas em algum momento da vida, acaba construindo o homem ideal para si. O meu devia ter aquela pele bronzeada de quem ama sol e praia, nem tão alto que me deixasse na ponta dos pés, nem tão baixo que me constrangesse subir no salto. Uns quatro anos mais velho. Devia ser extrovertido a ponto de magnetizar desconhecidos e me beijar de língua em público. Precisava ser um cara social, desses que amam bares e festinhas e conhecer gente nova. Que fosse dado a improvisos, a planos de última hora, a impulsos, a visceralidades. Ah, gostar de cinema alternativo e música brasileira também eram quesitos fundamentais. Um “quê” de bad boy seria delicinha. Todos com camiseta polo, sapato social e apego por carros estavam automaticamente eliminados. E seria incrível se ele me tomasse por sua mulher com algum ciúme – o que eu entendia como prova de amor.

Durante anos, mesmo inconscientemente, tentei conquistar os homens que seguiam esse briefing. Claro que me envolvi com pessoas bem diferentes disso, mas “sabia” que não ia dar em nada. Como eu “sabia”, não me permiti “perder” tempo ou esforços para ser convencida do contrário. Eu queria encontrar a porra do homem perfeito pra mim. Daí encontrei, me apaixonei com o coração e as tripas. Namoramos por intensos dois anos. Quando o relacionamento terminou, eu simplesmente não conseguia entender. Ele tinha todas as características dos meus sonhos, cabia tão bem no figurino que eu inventei… E porque a gente é teimosa e acredita saber o melhor para si, eu continuei quebrando a fuça. O que algumas experiências me mostraram e só mais tarde consegui compreender foi que eu buscava uma Nathalia com pinto.

Mais ainda: encontrar um amor de verdade não é como fazer uma lista de supermercado, em que você anota o que falta na dispensa e já sabe em que corredores adquirir tais produtos. Molho inglês, por exemplo, nunca foi algo que considerei fundamental para cozinhar. Como não era um tempero na minha vida, nunca senti falta. Hoje eu tenho estoques dele. Quero dizer que as melhores descobertas são aquelas pelas quais você não estava esperando. Lembro de uma amiga que vivia reclamando e deletando os caras por aquilo que considero meros detalhes: “afe, usa All Star”; “quem ouve sertanejo universitário?”; “tem piercing, tô fora!”; “você reparou como ele tá suando de vergonha?”; “advogado e engenheiro jamais”; “ai, ele é mais baixo e magro do que eu…”; “não gosto de quem fala me pegando”…

Quando entrei na faculdade de jornalismo, atenta aos veteranos mais populares, um colega de sala se tornou um bom amigo. Era mestiço, tinha olhos puxados, pele branca feito açúcar, vestia-se como playboy, tão novo quanto eu. Tímido e certinho, desses criados pela avó, exibia a educação de um lord – abria a porta do carro para todas as meninas. Felipe namorava sério, eu queria saber de micareta e brigadeiro de maconha. Só pra vocês entenderem o abismo que existia entre nós. Embora eu me sentisse estranhamente atraída por ele, confesso que não imaginava sequer que poderíamos namorar um dia. Coisa de um mês depois, o japa ficou solteiro. Avisei um amigo em comum que eu super daria uns beijinhos nele. Óbvio que a balada foi marcada para o dia seguinte. O homem perfeito pra mim naquela época com certeza me pegaria pela cintura e me roubaria uma chupada cinematográfica. Felipe demorou umas quatro horas e me PEDIU um beijo. Que, aliás, não encaixou. “Parabéns, garota, era óbvio que vocês não combinavam”, foi tudo o que consegui pensar nas semanas seguintes.

Para encurtar a história, devo dizer que nove anos se passaram. Desde então, não nos largamos mais. Moramos sob o mesmo teto há 3 e meio, oficialmente casados nos últimos dois. Isso não significa que seremos “felizes pra sempre” ou que só a morte poderá nos separar. A vida tende a ser mais cruel que os contos de fadas. Mas Felipe me provou que o homem perfeito pra mim não-foi-não-é-nunca-será aquele que eu procurava. Quando eu me abri para o novo, entendi que eu precisava de alguém absolutamente diferente daquilo (quem leu este post e fez o teste de personalidade vai entender – sou ENFP e ele é ISTJ). Alguém que atenuasse a minha ânsia por extremos, que respeitasse os meus espaços, que respondesse aos meus gritos descontrolados com uma voz doce. Uma pessoa paciente para compartilhar os meus dilemas mais banais. Um cara responsável e planejado para frear as minhas ansiedades. Um parceiro capaz de me decifrar no silêncio e me desarmar com uma piadinha imbecil. Um ser imperfeito como eu, para me livrar da obrigação impossível de ser perfeita. Nada disso era prioridade pra mim, talvez porque ninguém tivesse me mostrado isso antes. Aquele homem que eu ACHAVA perfeito pra mim seria incapaz de agregar tanto. #ficaadica

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*** Ei! Siga o @pimentaria no Instagram e escolha os temas que você quer ver por aqui. Entre a noite de ontem e hoje pela manhã, fiz uma reunião de pauta aberta com os seguidores. Postei três opções de posts e eles votaram qual gostariam de ler. Voilá, aqui está. 

 

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Comentários
  • Nath!!!!

    Acredite, eu conheci meu namorado na faculdade, depois de procurar anos por alguém que nem sabia quem era….
    Ele era meu amigo na classe que estudávamos e no final de 1997 começamos a namorar e hoje temos 2 filhotes lindos!!! Lá se foram 16 anos!!!

    Tudo isso pra dizer que nosso amor muitas vezes está do nosso lado literalmente e não enxergamos o real.

    Suuuper me identifiquei com sua história.

    Bjs

    8 de maio de 2014
  • Adorei o texto, Nath (pra variar!). Veio num momento perfeito, porque tô lendo agora um livro incrível sobre esse assunto. “Why him, why her”, da Helen Fisher, já ouviu falar? Ela é uma antropóloga americana que fez um estudo enorme sobre tipos de personalidade e a maneira como eles impactam o relacionamento entre as pessoas. Ela traça 4 perfis com base em características comportamentais das pessoas. É muito legal porque ela justifica esses perfis relacionando o seu tipo com a predominância de determinado hormônio no cérebro. É MUITO bom.

    8 de maio de 2014
  • Nathy,
    Parabéns pelo seu texto, adorei. Chega de check list!!!!

    8 de maio de 2014
  • Nath só faltou dar meu CPF na descrição do homem perfeito. rsrsrs

    8 de maio de 2014
  • Kkkkkkkk perfeitoooo!!! Me encantei pelo oposto tbm… E pensando bem é isso mesmo: a gente meio q procura nossa versão no sexo oposto! Eu queria um “Julio” mas pensando e refletindo com o seu texto, uma versão de mim mesma masculina não dá pra dar certo comigo hauahahaha
    Parabéns Nathy adoreiii

    8 de maio de 2014
  • também adorei veio em um momento apropriado na minha vida , ajudou a clarear minhas ideias e abrir um pouquinho a minha mente .

    8 de maio de 2014
  • Ai Nath, a vida é muito engraçada mesmo. Lendo seu post eu lembrei da minha história. Conheci meu marido quando eu tinha 16 anos. Um amigo dele se apresentou pra mim em um passeio e ele estava junto. Na hora eu nem olhei pra ele. Ele é quase oito anos mais velho que eu, caladão, e estava longe do que havia imaginado pra mim. Anos depois eu namorei com um amigo dele e ele com uma amiga minha. Até que um dia descobri que meu namorado e minha amiga estavam de rolo. Fiquei arrasada, claro. Mas esse episódio serviu pra que nós dois nos aproximássemos e eu percebi quantos anos eu perdi. Ele é tudo que eu precisava, tem a paciência, a sabedoria e a calma que são essenciais pra mim. Ele entende TPM mana, e isso pra mim é ter mais poderes que o super homem kkk. Depois de um ano e meio casamos e somos muito felizes até hoje.

    8 de maio de 2014
  • Eu lembro!!!
    Lembro bem de como vocês eram diferentes, mas formavam um casal todo fofo. rs
    A Nathy cha cha cha do primeiro dia de facul que virou a Nathy Oda… rs
    Bjs ao casal e parabéns pelos 2 anos de casados.

    9 de maio de 2014
  • PS: se não quiser aprovar o comentario fica a vonts, mas deixo meu beijo e parabéns mesmo assim rs

    9 de maio de 2014
  • Nossa, sensacional… acho q um dois melhores textos que já li a respeito de “relacionamentos” ou “busca da pessoa ideal”… Tenho uma “wishlist” que parece ser, cada dia mais, impossível de ser transformada em realidade kkkk. Entendo perfeitamente cada palavra desse texto, até pq sou ENFP também hahaha. Parabéns!!!

    10 de maio de 2014
  • Nossa, parece que eu que escrevi esse texto. O japonês quietinho e educado que demorou a me beijar, e que foi me conquistando aos pouquinhos… Essa descrição do último parágrafo é igualzinha ao nosso namoro também (apesar de eu ter minhas dúvidas sobre ele ficar feliz de responder ao meu descontrole com a sua voz doce =p). Com a diferença de que na época eu não pegava geral. Droga.

    3 de junho de 2014
  • Adoro seus textos e, embora tenha mais de 40 anos, eles me passa uma leveza em viver e arriscar e “aprender” sempre! Obrigada!

    17 de outubro de 2014
  • O Oda é foda! Casal massa! Identifiquei-me bastante com o texto. o Que mais me encantou na minha Galega foi a serelepice dela, o siricutico (como parece ser o chá cha cha dai), o sorriso largo, energia pura. É irresistível, não é não, Oda!? Um abraço a vocês dois. O Bloco Mão no Bolsorola espera vocês em Recife/Olinda em 2015!

    16 de dezembro de 2014

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