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O conselheiro amoroso: mineiro ensina tímidos a conquistar

Publiquei esta matéria na revista Época, em outubro passado. Fez um sucesso danado. O cara é o Hitch da vida real.

O mineiro Rômulo Sousa é um brasileiro com alma de empreendedor. Aos 20 anos, idade em que a maioria dos garotos pensa 100% do tempo em arranjar mulher, ele começou seu próprio negócio: dava aulas para ensinar outros garotos a arranjar mulher. Sousa alugava a sala de um hotel e a enchia com dez alunos, cada um deles pagando R$ 360 pelo curso de fim de semana. Durante o dia, os alunos recebiam instruções teóricas; à noite, encaravam a prática na balada, em companhia do professor. Essa história, já bastante extraordinária, torna-se ainda mais impressionante quando se sabe que Sousa, pouco antes de se arvorar em professor de sedução, era ele mesmo um nerd opaco e malsucedido.

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Fotos: Emmanuel PInheiro/Nitro/ÉPOCA e divulgação

“Ele sempre teve vergonha de abrir a porta de casa ou atender ao telefone”, afirma a mãe Oralda Maia. Na infância, passava o dia trancado no quarto, absorvido pelos estudos. Não brincava na rua nem era popular na escola. Ele conta que não sabia puxar papo e se enturmar. Na adolescência, a personalidade introspectiva o fez sofrer. Interessava-se pelas garotas, mas elas não o notavam. “Via meus amigos se dando bem em festinhas, e não conseguia nem conversar com as meninas. Perdia o controle do corpo: tremia, suava, gaguejava.” Aos 15 anos, conseguiu uma namorada que achou graça em sua falta de jeito. Foi ela quem tomou a iniciativa – de começar e também de terminar o namoro. Disse que queria alguém menos carente e pegajoso. Sousa estava com 18 anos.

Como esse Rômulo que não pegava ninguém se transformou, em dois anos, no Professor Sousa, que ensinava os tímidos a sair de seu casulo e arrebatar as garotas? Como os nerds sempre fazem, estudando. Ele decidiu usar sua facilidade nos estudos para aprender a encantar as mulheres. “Percebi que era complicado mudar as regras do jogo da sedução, então resolvi aprender a jogar bem”, diz ele. Matriculou-se em cursos tão distintos quanto dança de salão e oratória. Procurou uma fonoaudióloga para melhorar sua impostação de voz, entrou na academia para definir o corpo, trocou o estilo do guarda-roupa por peças modernas e deixou o cabelo crescer, porque achava que o corte batidinho fazia seu nariz parecer maior. Sousa também usou a imitação. Ia a bares observar o comportamento dos homens que conseguiam companhia. Com os filmes de James Bond, o charmoso espião inglês, aprendeu o senso de humor entre o arrogante e o engraçado – uma mistura que não afastasse as mulheres, mas que também não o fizesse parecer só um amigo engraçado. “De repente, o moleque travado começou a sair com meninas lindas”, afirma André Longati, engenheiro e colega de Sousa desde o ensino médio.

Protegido com essa personalidade Frankenstein, montada com pedaços de diferentes sedutores, o jovem Sousa conseguia atrair, se não as mulheres, pelos menos os rapazes sem jeito que corriam atrás delas. Pelas contas dele, formou 200 alunos até o ano passado, quando decidiu dar apenas aulas individuais. O programador Wlasdton Viana, atualmente com 25 anos, estava na primeira turma, montada em 2008. Era um gordinho tímido que vivia de amores platônicos e nunca entrara numa balada. Ouviu de Sousa que traquejo social demanda horas de prática, como qualquer outra habilidade, mas que também ajudaria emagrecer, comprar roupas mais justas, adotar um corte de cabelo moderno e tirar os óculos. Na primeira aula, Viana teve a missão de abordar cinco garotas. “Ficava arrasado com um fora e tinha de continuar tentando”, diz. A insistência fez com que aprendesse a lidar com a rejeição. Daí para a frente, começou a conhecer garotas, ficar e sair com várias delas. Em quatro anos, tornou-se outro homem. Agora, pela primeira vez, Viana namora firme a estudante universitária Nicole Cerutti.

Nesse período, o mestre dom-juan também mudou. Hoje, aos 25 anos, Sousa cobra R$ 3 mil para treinar seus alunos. Um de cada vez. O curso dura três dias, e os clientes estão espalhados pelo Brasil. Ele viaja para São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná para encontrar os aprendizes. Com a agenda lotada até o final do ano – só aceita quatro alunos por mês –, tem 30 candidatos na lista de espera. “Não preciso aumentar o número de aulas”, diz. “Minha vida já está bem confortável e quero aproveitá-la.” Além dos R$ 12 mil mensais que ganha com as aulas, Sousa também conta com o lucro de seu livro digital, recém-lançado. Ele diz que Código da atração já vendeu 4.500 exemplares, cada um ao preço de R$ 79,90. Como a publicação é independente, Sousa ficou com boa parte dos quase R$ 360 mil arrecadados com a venda de seu manual de sedução. Na propaganda do livro, oferece “sucesso 100% garantido ou seu dinheiro de volta”. O livro é assinado por Eduardo Santorini, pseudônimo adotado por Sousa em fóruns da internet e no blog Atitude de Homem, criado em 2008, em que costuma registrar experiências e dar conselhos.

Embora seja um profissional dedicado, Sousa não vive exclusivamente de entender e explicar as mulheres. Na maior parte do tempo, é estudante do penúltimo ano de administração e dono de uma pequena empresa de marketing digital em Belo Horizonte. Ele só vira conselheiro amoroso algumas vezes por mês. Ao contrário do personagem Hitch, do filme de Will Smith, ele jura que não ajuda gordinhos desengonçados a conquistar a mulher da vida deles. A missão de que Sousa se incumbiu é outra. Mais nobre, ele garante. Ou mais prática. Seus alunos são homens com dificuldades de se aproximar do sexo oposto. Têm entre 25 anos e 50 anos e não sonham em se tornar sedutores profissionais. Tampouco estão interessados em atrair uma mulher específica. Buscam, como a torcida inteira do Flamengo, ser capazes de se aproximar do sexo oposto e de atraí-lo. No fundo, como a torcida toda do Corinthians, querem arrumar uma namorada muito bacana. “Minha função é torná-los seguros e confiantes”, diz Sousa.

Encontrei o professor de sedução num restaurante do shopping Pátio Savassi, em Belo Horizonte. Sentado numa das mesas e distraído com o notebook, Rômulo Sousa não lembrava em nada Eduardo Santorini, seu alter ego sedutor. É um jovem moreno de estatura mediana e beleza convencional. Não chama a atenção à primeira vista, como poderia se esperar de um homem que ganha a vida ensinando outros homens a conquistar mulheres. Ele vestia uma camiseta polo e estampava um sorriso gentil. Quando a conversa começou, surgiu uma personalidade mais intensa. Sousa fala de forma pausada, mas com a eloquência e a segurança dos palestrantes treinados – ou dos bons professores de cursinho. Conta longas histórias interessantes quando tem de explicar alguma coisa. A conversa dele é tão boa que se estivesse falando sobre agrotóxicos eu prestaria atenção. Ele olha nos olhos do interlocutor, faz perguntas e se interessa vivamente pelas respostas. Sozinha com ele, tive a impressão de que flertava agradavelmente comigo. Quando outras pessoas chegaram, percebi que, na verdade, ele flerta com todo mundo. Seu charme – ou sua sedução – se espalha de forma horizontal. Quando ele saiu, as sete pessoas sentadas à mesa, homens e mulheres, se puseram a comentar que sujeito bacana ele era. O professor de sedução, definitivamente, tem carisma.

Sousa se diz, sem nenhuma modéstia, um especialista em “mulherologia” – o estudo do comportamento feminino. Se, durante a adolescência, ele sofria para entender a mente das garotas, hoje acha isso tão fácil quanto “passear em um parque de diversões”. Em três horas e meia de conversa, ele me pareceu menos um dom-juan exibido que um clássico mineirinho “come-quieto”. Um exemplo: ele diz que nunca fez as contas de quantas mulheres pegou. Admite apenas que aproveitou bem “os anos de solteirice”. Pode ser apenas um truque de marketing – se ele não diz o número, posso imaginar qualquer coisa, da dezena ao milhar. Mas tive a impressão de que era uma forma mais profunda de gentileza. Ao contrário dos conquistadores que se gabam em público do que fizeram e também do que não conseguiram fazer, ele transmite a impressão de que respeita as mulheres com que ficou. Mesmo que seja apenas marketing, funciona.

Sousa me contou que namora há seis meses, desde que puxou conversa com uma estudante de Direito que voltava do banheiro numa balada. “Foi tudo tão natural que passamos a noite juntos”, disse-me a moça de 21 anos. Ela não quis se identificar. No início, soube apenas que ele trabalhava com marketing. Semanas depois, Sousa enviou um link de seu site e ela tomou um susto: o artigo mais recente ensinava a conquistar uma mulher casada. Com a lábia que lhe rendeu fama e dinheiro, ele convenceu a moça de que não tinha motivos para ter ciúmes. Afinal, ela fora a escolhida.
A ideia de Sousa não é exatamente inédita. Ele se inspirou em outros sedutores profissionais, como o jornalista americano Neil Strauss. Em 2005, Strauss lançou o livro O jogo: a bíblia da sedução, um relato autobiográfico sobre como um sujeito desinteressante transformou os constantes fracassos com as mulheres em técnicas irresistíveis de atração. Strauss é discípulo do ex-mágico Erik von Markovik, famoso sob o codinome de Mystery na década de 1990, quando reunia alunos nas discotecas para mostrar-lhes como levar alguém para a cama. No Brasil, há empresas que oferecem treinamento para sedução, como a PUA Training, que segue o método desenvolvido pelo britânico Richard de La Ruína, e a Seduction Coach.

Técnicas como as desenvolvidas por Sousa e outros professores de sedução não têm comprovação científica. É difícil medir algo tão subjetivo quanto o jogo da conquista. Os críticos afirmam que as frases e as rotinas ensinadas nesses cursos são superficiais. Não seriam suficientes para desenvolver habilidades de comunicação e compreensão ou para remover a timidez das pessoas. “Apostaria no efeito placebo”, afirma o psicólogo Ailton Amélio da Silva, professor da Universidade de São Paulo (USP). “Se o cliente acreditar no método, pode se sentir mais confiante.” A estratégia surtiu efeito para Sousa. Ao investir em cursos para aprimorar características próprias que o incomodavam, tornou-se mais seguro. Ao investir no aperfeiçoamento pessoal, virou um homem mais interessante. “Ele conseguiu transformar sua dificuldade em poder”, afirma José Roberto Marques, presidente do Instituto Brasileiro de Coaching. Talvez essa seja a maior lição que Sousa tem a ensinar a seus alunos: as pessoas podem mudar, nossas limitações não são eternas, o tímido de hoje pode ser o sedutor de amanhã. Diante de uma mudança dessa magnitude, mulheres fascinadas serão mera consequência.

O manual da conquista rápida
O especialista em relacionamentos Ailton Amélio, da USP, avalia as dicas de Rômulo Sousa

1 – Chegarás em 1.000 mulheres antes de perder o medo da rejeição
Vale o aprendizado, mas os tímidos podem ficar traumatizados com a humilhação

2 – Descubra se ela está a fim
Sousa recomenda prestar atenção a sinais como mãos no cabelo e cabeça inclinada. Para ele, o sinal mais preciso é o olhar fixo por parte dela

3 – Não leve mais de três segundos para puxar conversa
Boa dica. A hesitação permite que a insegurança se instale e pode fazer você travar na frente da moça

4 – Evite perguntas fechadas, cuja resposta é “sim” ou “não”
Sousa diz que perguntas abertas fazem com que o assunto não acabe logo. Ele recomenda não exagerar. A outra pessoa não pode se sentir acuada

5 – Fuja dos elogios óbvios
Se ela é bonita, com certeza sabe disso. “Poderia passar a noite conversando com você” é mais surpreendente, diz Sousa. Para ele, não elogiar pode ser mais eficaz porque cria expectativa

6 – Dê sua opinião
Nunca diga “tanto faz”. Uma maneira de não parecer um ditador é sugerir opções e deixar ela escolher

7 – Beije só depois de testar se ela fica à vontade com outros contatos físicos
O beijo é o resultado de uma gradação de intimidade. Primeiro, toque no braço ou envolva a cintura

8 – Fique atento aos gostos e interesses
É uma boa tática. Dar um presente com a cara dela demonstra atenção

9 – Siga as regras de etiqueta: coma de boca fechada, não fale alto
São atitudes altamente recomendáveis, mas também bastante óbvias

10 – Não almeje a mais atraente
É uma boa estratégia para os tímidos ganharem confiança

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Comentários
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    27 de fevereiro de 2014
  • E quando o timido não tem assunto? nao sai mt nao tem sobre o q falar ? como mudar esse jeito?

    15 de março de 2014
  • Dante eu também tenho esse problema de não falar muito… hoje eu encontrei uma mulher que fala por mim rsrs, mas eu mudei muito também e estou falando mais…

    3 de junho de 2014
  • Olá!

    Parabéns pelo site. Ótimas informações e conteúdos!

    Bom, a respeito do “coaching” para sedução (rs), algo importante para os indivíduos que encontram dificuldades diante do sexo oposto: baixa auto estima! Esses cursos favorecem aqueles que têm dificuldades com as mulheres justamente por dar um suporte extra, isto é, geram mais segurança nos alunos por conta das dicas e consequentemente mexem com suas auto estimas!

    Tímido: não é porque vc é extremamente tímido que não seja capaz de conversar com outra pessoa! Vc é capaz de estabelecer diálogos, assim como faz com parentes ou amigos próximos. Tá eu sei, o que vc conversa com sua mãe é diferente… rs Mas saber conversar a respeito de várias coisas é um dos princípios básicos para se perder a timidez e sobretudo, se dar bem na sedução. Fuja dos clichês, busque ser vc mesmo, melhore sua postura!

    Enfim, antes que eu embarque ainda mais em digressões por aqui, parabéns pelo excelente conteúdo!

    27 de junho de 2014
  • O segredo da sedução é demonstrar valor. Quando a outra pessoa enxerga em você qualidades ela vai sentir-se naturalmente atraída.

    28 de maio de 2015
  • Eu também tinha esse problema de não falar perto de mulheres… kkk’ hoje sou super comunicativo

    12 de dezembro de 2015
  • Conteúdo muito bom! parabéns! Isso tem me ajudado bastante :)

    7 de junho de 2016
  • Artigo muito bom e informativo, gostei! Parabéns!

    16 de junho de 2016

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