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“Minha filha de quatro anos se masturba. Como lidar?”

“Desde que minha filha tinha um ano, começou a ter um comportamento constrangedor – e continua com ele ainda hoje, com quatro anos e meio. Ela fica de bruços, com as perninhas bem abertas, se esfregando em cima das mãos… Não importa o horário nem o lugar: pode ser na cama, no sofá e até no chão. Uma vez, na festa de aniversário do meu cunhado, ela agiu assim no meio da sala. Ainda bem que não tinham adultos por perto… Mas outras pessoas da família já assistiram à cena que é tão natural para ela. Eu e meu marido ficamos confusos, não sabemos se estamos lidando bem com isso. A gente costuma virá-la de barriga para cima e a levamos para o banheiro. Ou mando que sente e tento distraí-la com outra coisa. Evito chamar a atenção ou brigar com ela. Mas ela está viciada, o que me preocupa. Não passamos por isso com o meu filho, de oito anos. Como devo agir sem causar nenhum bloqueio sexual no futuro?”

Calma, querida. Ela ainda acha a Galinha Pintadinha muuuuuito mais legal que o Caio Castro. Sua filha não está batendo uma siririca, não tem conotação erótica. É tão natural quanto um bebê que descobre um troço chamado pé e fica enfiando na boca o tempo todo. Eu diria que você está no caminho certo por não castigar a menina com a mão na xoxota. Talvez falte reforçar verbalmente que não se deve fazer isso na frente das pessoas. Entendo seu constrangimento. Para te ajudar nessa questão delicada, eu recorri à psicóloga Ana Canosa – referência em sexualidade, terapia de casal AND minha professora na pós-graduação. Ela é fodona, acredite em mim (ou espie o currículo dela aqui). Abaixo, uma entrevista de utilidade pública para TODOS os pais.

Pimentaria – Em que idade as crianças descobrem seus genitais? Por que se tocam?
Ana Canosa – Geralmente com a retirada das fraldas. O acesso aos genitais fica mais livre e tocá-los é uma maneira de conhecê-los. Para algumas crianças essa descoberta se torna um hábito que não necessariamente tem relação direta com prazer genital (por exemplo, os meninos que ficam segurando e mexendo no pênis). Para outras, tocar os genitais gera prazer e se torna um hábito pouco consciente. Nesses casos, é importante ensinar que isso é algo que se deve fazer na intimidade. As crianças também passam a perceber a diferença dos sexos (macho e fêmea) e costumam a fazer perguntas. Por vezes querem ver ou tocar os genitais de outras crianças e de adultos, curiosas sobre as diferenças e a função dos genitais.

Pimentaria – Isso acontece com intenção erótica?
Ana Canosa – Não há nenhuma intenção erótica no sentido adulto do termo. As crianças pequenas não costumam ter “fantasias sexuais” quando estão se tocando, mas é possível que uma criança a partir dos cinco anos veja uma cena na TV e sinta algum tipo de excitação.

Pimentaria – Como os pais (ou seus cuidadores) devem lidar com a situação?
Ana Canosa – Em primeiro lugar, pergunte à criança se os genitais estão coçando, pois o que é interpretado como masturbação pode ser algum fungo ou inflamação. Se a criança não reclamar de coceira ou dor, os adultos devem dizer calmamente algo como: “Sei que é gostoso mexer no pênis/vulva (ou apelido que a família dá), mas não é para fazer isso na frente das pessoas, e sim no quarto ou banheiro”. O jeito de falar deve ser o mesmo que usamos para explicar outras coisas, como porque não devemos bater nos outros ou jogar lixo no chão. Dependendo da idade da criança, é preciso repetir essa fala algumas vezes. Depois, basta chamar a atenção de maneira discreta: “Filha, lembra o que falamos sobre isso?”. Distraí-la também funciona, mas reforço a importância de explicar à criança. Normalmente, ela vai entendendo e passa a buscar momentos de intimidade para se tocar.

Pimentaria – Castigar ou punir verbalmente a criança que se masturba pode ter efeito negativo em seu futuro sexual?
Ana Canosa – Nunca castigue uma criança porque está tocando seus genitais. Isso faz parte da natureza: não é errado, nem feio, nem pecado. Quando você reage negativamente, pode contribuir para que a criança associe uma sensação boa a uma emoção ruim. E não queremos que ela entenda o prazer sexual como algo proibitivo, sujo, nojento. O que devemos fazer é socializa-la, mostrando que há hora e lugar para tudo. Se a questão vira motivo de briga, descontrole ou ansiedade, a criança passa a ter medo de perguntar ou contar alguma coisa que pode ser muito importante para o desenvolvimento saudável de sua sexualidade.

Pimentaria – Como saber se a criança está “viciada” na masturbação?
Ana Canosa – Não há uma quantidade específica que estabelece um limite entre o natural e o exagero. Algumas crianças ficam “presas” nessa descoberta de prazer, com mais dificuldade de lançar-se a outras prazeres. Crianças pouco sociáveis, bastante introvertidas ou muito ansiosas podem ter esse comportamento excessivo. Quando ela foi orientada para não “se tocar” no ambiente social e mesmo assim não consegue se conter, fique atento. Essa repetição de tocar os genitais em público é comum na fase entre os 2 e os 4 anos, mas passa. Caso persista, vale procurar um psicoterapeuta infantil.

Pimentaria – A falta de atividades físicas e lúdicas pode aumentar a necessidade da masturbação?
Ana Canosa – Sim. Mantenha uma criança à frente da televisão cotidianamente, sem estímulo social, lúdico, físico que ela terá grandes chances de entreter-se com aquilo que está a mão – o próprio corpo. A masturbação é prazerosa e saudável. Passa a ser um problema quando outras coisas interessantes são negadas ou inacessíveis para a criança.

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Comentários
  • Kkkkkk eu fazia muito isso +- nessa idade e hoje continuo fazendo com meus 28 anos. Uso meu cobertor para me esfregar, travesseiro.

    18 de julho de 2014
  • Boa noite,
    Li seu post e como psicóloga devo alertar que isso PODE (não necessariamente), mas pode ser sinal de abuso sexual.
    é bom ficar de olho na criança e em quem tem contato com ela. Procurar ajuda de um profissional seria o ideal.

    8 de fevereiro de 2015
  • Boa tarde
    Lendo esse post vi que fiz tudo errado, e na verdade não sei como lidar com a situação ,desde os dois anos minha filha ficava se esfregando no pé das pessoas naquela brincadeira de cavalinho, ai passou ,depois vimos uma sena de um amiguinho em cima dela atrás da cama ,estavam vestidos, depois peguei ela se tocando no sofa, e outro dia com as pernas levantada se tocando novamente, perdi o controle e bati gritei falei que er errado que ela só tem 5 anos, e estou pensando nisso está me perturbando, seria o caso de procurar um psicologo

    23 de julho de 2015

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