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Cistite: “síndrome do boy novo” ou “doença da lua de mel”

Na manhã seguinte àquela noite de sexo animada, a mulher acorda para o xixizinho básico. Sente uma ardência esquisita, uma espécie de queimação bem na saída da uretra, uma fisgada enquanto o jato sai. Grandes chances de ser uma inflamação chata chamada cistite. Ó, só pra você visualizar: o canal vaginal fica separado da nossa bexiga por uma camada de nada. Então, enquanto o pênis entra-e-sai-entra-e-sai, ele fica “batendo” na porta do vizinho. E isso irrita, né? Por experiência própria, minha dica é SEMPRE urinar antes e depois da transa :)

Conversei sobre o assunto com a terapeuta e sexóloga Lelah Monteiro, que se especializou em fisioterapia uroginecológica. Ela explica as causas da cistite, os sintomas, a diferença da infecção urinária, como tratar e um exercício simples que você pode fazer em casa para prevenir esse inconveniente.

– Por que as mulheres costumam sofrer mais disso do que os homens?

LELAH – Primeiro porque as anatomias são diferentes, o canal da uretra feminina é curto – o que a expõe mais à inflamações e entrada de bactérias. Além disso, durante o sexo, a mulher recebe a penetração, movimentos repetitivos que causam uma espécie de trauma ali.

– Qual a diferença entre cistite e infecção urinária?

LELAH – A cistite é uma inflamação, uma irritação. A infecção urinária está muitas vezes associada a uma bactéria e, via de regra, deve ser tratada com antibióticos. Em outras palavras, é como se a cistite fosse um processo prévio, anterior à infecção. Mas dá pra dizer que existe uma linha muito tênue entre as duas coisas. Tem gente que também confunde com candidíase…

 – Quais são os sintomas dela? Apenas aquela ardência horrível na hora de fazer xixi?

LELAH – Não só a ardência, mas também a dificuldade de fazer xixi e uma dor pélvica (pra baixo da bexiga). Em geral, a cistite dura um dia e meio.

– Ela pode ser causada por uma relação sexual mais intensa? Por que?

LELAH – Pode. Justamente por causa do excesso de fricção no canal vaginal. Por isso a cistite é também conhecida como a “doença da lua de mel” ou “síndrome do namorado novo”. Tenho tido relatos, inclusive, de mulheres que se masturbam de forma mais acentuada e acabam sofrendo com o problema.

–  Se a mulher estiver bem lubrificada (seja naturalmente ou com ajuda de lubrificantes), as chances de ter cistite diminuem?

LELAH – A lubrificação ajuda muito porque reduz o atrito que provoca pequenas lacerações. Mas, mesmo estando bem lubrificada, ela pode acontecer. Alguns estudos já falam que até o estado emocional da mulher é capaz de gerar uma cistite. Por exemplo, se ela estiver estressada, com excesso de cortisol no organismo.

A sexóloga Lelah Monteiro se especializou em fisioterapia uroginecológica e atende, entre outras coisas, mulheres com cistite de repetição (Divulgação / Arquivo pessoal)

– O que a pessoa deve fazer para tratá-la?

LELAH – Existem alguns anti-inflamatórios no mercado que aliviam os sintomas e relaxam a musculatura. Mas o principal é beber bastante água e tentar relaxar na hora de urinar. Se não melhorar em dois dias, aí precisa procurar um médico para avaliar se evoluiu para uma infecção e há necessidade de um antibiótico.

– Verdade que alguns exercícios, inclusive ligados à prática do pompoarismo, são saudáveis para nossas vaginas? Por que?

LELAH – Sim, super! Os exercícios específicos para a região pélvica trabalham a musculatura do canal vaginal, vizinho da uretra, fazendo com que ela deixe de ser tão fininha e sensível. Se ela está “hipertrofiada”, funciona como um colchão que protege o sistema urinário da mulher. Assim como toda reabilitação fisioterapêutica, não basta fazer uma vez por dia. Para pacientes com cistite de repetição, por exemplo, recomendo no meu consultório que elas façam exercícios de cinco minutos, três vezes por dia.

– Você pode dar um exemplo de algo simples que toda mulher pode fazer em casa?

LELAH – Movimentos de contração e relaxamento dos músculos vaginais. Apenas para dar uma ideia: quando você faz um exame de urina, precisa despejar o início da urina no vaso sanitário, depois “segurar” para colocar o potinho e mirar o restante ali. É mais ou menos isso, mas você pode fazer exercícios do tipo mesmo sentada no trabalho, dirigindo, mexendo nas redes sociais. E ninguém vai saber o que está acontecendo entre as suas pernas. Agora, as pessoas demoram um pouco para identificar que estão contraindo a musculatura da vagina, e não do abdômen ou dos glúteos. Depois fica automático.

***Este post foi originalmente publicado na coluna da Nath no Yahoo.

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