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Carnaval: cinco diferenças entre assédio e paquera

“Até onde você pode ir pra chegar nela?”, pergunta a repórter da Revista AZMINA para um homem na rua. Ele fica em silêncio, pensativo, até responder: “É complicado”. O vídeo completo está aqui, faz parte da campanha #CarnavalSemAssédio e mostra como ainda precisamos explicar o óbvio. Desenhar. Até estampar na pele. Graças à iniciativa de um coletivo de mulheres, milhares de tatuagens temporárias com a frase “NÃO É NÃO!” serão distribuídas gratuitamente no Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco e Bahia.

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“Tatuadas”, Marina Person e Leandra Leal no Bloco Acadêmicos do Baixo Augusta (Reprodução / Instagram)

Embora as três letrinhas me pareçam suficientemente didáticas, vamos ilustrar cinco diferenças entre paquera (consensual) e assédio (crime).

1 – ASSÉDIO: puxar pelo braço, mexer no cabelo, segurar a cintura, encurralar entre amigos ou contra a parede, “roubar” beijo e passar a mão em qualquer parte do corpo sem o consentimento dela.

*PAQUERA: troca de olhares e sorrisinhos, perceber se ela retribui, se aproximar, encostar de leve no ombro/braço só pra dizer “oi” e puxar papo, convidar pra dançar…

2 – ASSÉDIO: dizer “safada essa roupinha hein”, “que bunda gostosa”, “faço estrago”, “chupo toda” etc. Qualquer coisa de teor sexual e conotação pejorativa que constranja, intimide ou tente diminuir a mulher.  

*PAQUERA: dizer que é bonita, simpática, interessante. Elogiar a maquiagem, a criatividade da fantasia, a animação.

3 – ASSÉDIO: xingar, debochar, ser agressivo quando rejeitado pela mulher. Ou ficar perseguindo e insistindo.

*PAQUERA: ter noção de que não dá pra agradar todo mundo, “levar o toco” numa boa e partir pra próxima.

4 – ASSÉDIO: embebedá-la “porque fica mais fácil”, pressionar pra transar sem camisinha, achar que se ela te deu uns beijos e amassos não pode negar sexo.

*PAQUERA: conquistá-la sóbria e em condições de saber o que está fazendo, de decidir os limites, de reagir, de eventualmente querer parar e ir embora.

5 – ASSÉDIO: usar a desculpa do “mulher gosta de homem com pegada” pra desrespeitar e usar a força.

*PAQUERA: DEPOIS de ela demonstrar nitidamente que tá a fim do cara (ou tomar a iniciativa), “ter pegada” significa – em geral – beijar com ~vontade~, intensidade, tesão. Mas, ei, nem toda mulher curte essa “pegada”… e basta reparar na abertura que ela dá.

Em caso de abuso ou violência, você pode denunciar na Central de Atendimento à Mulher (Disque 180), fazer um boletim de ocorrência na delegacia mais próxima e contar anonimamente sua história no site/na hashtag #AconteceuNoCarnaval para pressionar o poder público.

***Este post foi originalmente publicado na coluna da Nath no Yahoo. Imagem: Pixabay

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