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Vagina: “pau, precisamos conversar”

Texto originalmente produzido para o site Manual do Homem Moderno.

Por Nathalia Ziemkiewicz

Tô cansada dessa porra toda. Da porra em si, não. Já levei muita cabeçada de pau nessa vida. Às vezes parece que isso é tudo o que vocês sabem fazer. Ficam nessas de entra-e-sai, entra-e-sai, entra-e-sai. Tá indeciso ou o quê, caralho? Ando meio amarga: a gente deve conversar de uma vez por todas. Como dois adultos. Eu com essa minha visão profunda das coisas. Você, com esse olho que tudo vê. Isso não é uma briga, querido. Não precisa ficar caidinho assim. Eu te quero, você me quer. O problema é que falamos línguas diferentes.

Não gosto quando você chega entrando como se eu fosse a casa da mãe Joana. Na verdade, eu ODEIO quando você me pega desprevenida. Custa tocar a campainha antes? É pequena e escondida, eu sei. Mas, pô, fica logo ali fora. Bota o dedinho lá que dá tempo de eu me preparar pra te receber de portas abertas, toda doce, babando de amores. Não me sinto confortável quando a sua ansiedade fala mais alto. Acho de uma grosseria… Fico meio travada, meio incomodada mesmo. Essa inconveniência até me dói por dentro – soa como falta de consideração.

Vem cá que eu vou te mostrar outra coisinha. Tá vendo aquela parede dos fundos? Então, eu sei que você adora bater nela, como se quisesse acordar um vulcão adormecido. Só que, tecnicamente, ela é “oca”. Não me faz tremer, não abala as estruturas de casa. É uma questão arquitetônica, fui projetada dessa forma. Portanto, não me venha com essa vocação para britadeira. Me sinto na obrigação de te contar que sete em cada dez amigas minhas não gozam com penetração*. Elas gritam de felicidade quando tocam suas campainhas das mais diversas maneiras. Muitas vezes, antes de a visita alcançar o hall.

Gosto quando você me preenche, todo imponente. Quando te abraço com cada canto de mim. Isso é lindo, só não é o bastante. Desculpe, não consigo me enxergar num relacionamento fechado e emocionalmente dependente. Pau-vagina, vagina-pau. Prefiro um amor plural e livre. Quero também seus dedos, sua língua, sua criatividade e um vibrador-assistente. E estou te dando a oportunidade de explorar, sem amarras, meu clitóris, meus grandes e pequenos lábios, minha virinha, meu ânus. Não sou ciumenta, juro! Confesso que tenho até um fetiche de ter ver dando prazer a eles. Pensa com carinho em tudo o que eu te disse hoje. Porque, aí sim, vamos vibrar muito juntos.

*pesquisa ProSex-USP

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Comentários
  • Oi Nath,
    Eu sempre adoro seus posts mas esse eu achei ainda mais sensacional!
    Ficou curto, leve e muito verdadeiro! Parabéns :)
    Beijos

    18 de outubro de 2014
  • Muito bom seus textos, vivendo e aprendendo mais sobre o universo do sexo e sobre elas, as mulheres.

    20 de outubro de 2014
  • Nath para presidente! Ok, calma, sei queessa nem deve ser a sua pretensão, só acho que esse texto devia rolar nas mãos do mundo!

    Acho tão lindeza e tão leve a forma como você consegue escrever isso! Tá de parabéns, Bonita!

    Esses papos deviam realmente ter esse tipo de leveza ao serem tratados pela sociedade.

    19 de novembro de 2014
  • Entrei no site por causa do video sobre “pau de 13 cm” ( é meu caso ), e acabei lendo este post também. Não consigo entender como tem homem que não de atenção pra preliminar. Não tem sensação melhor do que sentir a mulher ficando excitada qdo sente seu dedo percorrendo sua vagina. E depois ir sentir o gosto dela com a língua. Muito bom.

    12 de maio de 2015
  • Nathalia,muito esclarecedor,sou fã do seu site,você abriu espaço para muitos jovens tirarem dúvidas, muito legal,também tenho os 13 cm e pra mim sexo sem preliminares ,língua e dedos parece incompleto,temos que procurar proporcionar o máximo de boas sensações a nossa parceira, além de tudo ter um bom diálogo e ser criativo.Obrigado pelo espaço. Beijos.

    29 de setembro de 2015
  • Muito interessante!

    25 de janeiro de 2016
  • Tem que ter preliminares mesmo. Uma hora no mínimo. Sexo bom é demorado. Tem que sentir que a mulher está se envolvendo, senão não tem graça. O que mais dá prazer, é sentir que a mulher está no clímax; é o que mais interessa a nós. Mas acho que quando a coisa não está boa, a mulher tem que colocar a boca no trombone e falar mesmo. Particularmente não gosto de mulher que finge orgasmo, já tive essa impressão e isso atrapalha. Mas é bom quando a gente sente que a mulher chega lá, é muito mais prazeroso. Um abraço a todos.

    18 de julho de 2016

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