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Toalhas brancas: como funcionam as saunas gays

(Thinkstock)

Existem, pelo menos, quinze saunas gays na capital paulista. Talvez você nunca tenha se dado conta porque elas não ostentam placas na porta do tipo “Pegue um vapor e um bofe”. Lá dentro, homens circulam vestidos apenas com toalhas brancas – que cobrem (por pouco tempo) seus membros ansiosos por sexo anônimo. É esse anonimato, aliás, que também seduz héteros-presos-no-armário…

O jornalista Rafael Farias Teixeira foi a uma sauna gay pela primeira vez em 2009. “Achei esse universo fascinante e cheio de histórias”, diz. Os diferentes personagens que encontrou nessas visitas o inspiraram a escrever o livro “Vinicius no mundo dos toalhas brancas”, uma ficção em que a sauna gay é pano de fundo para discutir os conflitos de se acomodar a certos comportamentos na vida.

Aproveitei sua expertise no assunto para matar toda a minha curiosidade sobre o assunto: como funcionam as saunas, quem frequenta, onde rola o sexo etc…

Rafael Teixeira, autor de “Vinicius no mundo dos toalhas brancas”, se inspirou nos personagens que encontrou em saunas gays (Divulgação / Arquivo pessoal)

– Assim como casas de swing, saunas gays despertam curiosidade e ojeriza de muitas pessoas (“lugares de promiscuidade”). Entre os gays, rola um preconceito contra aqueles que curtem sauna? Ou é uma coisa super corriqueira?

RAFAEL – Lá no começo dos anos 1900, as saunas eram um dos poucos lugares em que os gays podiam se encontrar pra transar nos Estados Unidos, já que esse tipo de ato era considerado crime. Então as saunas acabaram virando um ponto de encontro e uma imagem da libertação sexual gay. Só que com a descoberta do vírus HIV e a epidemia de Aids nos anos 1980, esses lugares foram associados à propagação do vírus. Mesmo depois de anos, alguns gays veem esses lugares como antros de promiscuidade e sexo inseguro, ou lugares sujos e nojentos, o que nem sempre é verdade. Mesmo assim, pela existência de saunas de qualidade, com público interessante, as opiniões acabam sempre divididas, sabe? Para uns é algo corriqueiro, para outros é uma experiência que motiva vergonha e para outros resulta em julgamentos.

(Divulgação / Arquivo pessoal)

– Em São Paulo, onde ficam as mais famosas saunas gays? Imagino que não tenha placam na porta… 

RAFAEL – Sem mencionar nomes, as principais ficam mais pro centro, mas é possível achá-las em todas as regiões da cidade. Sauna, pelo menos aqui em SP, é que nem balada: tem aquelas mais conhecidas, que conseguem se renovar com o tempo, e aquelas que surgem como novidade, mas não conseguem se reinventar e acabam fechando. E sim: muitas saunas acham que é melhor ser “discreta e fora do meio” até para atrair heterossexuais em busca de aventuras anônimas.

– Elas funcionam 24h por dia? Quanto custa pra entrar – existe um limite de tempo em que você pode ficar lá dentro?

RAFAEL – Tem várias possibilidades, mas conheço apenas uma que funciona 24h. Algumas trabalham com preços fixos pela noite, outras trabalham com períodos de tempo. Você ficaria impressionada com as diversas possibilidades que podem surgir.

– Me conta um pouco como funciona: você chega, guarda sua roupa em algum armário e já veste uma toalha branca? Tem um tipo de bar, sei lá, pra trocar ideia com outros caras?

RAFAEL – Isso mesmo. Você se apresenta numa recepção, para mostrar sua identidade, como em uma balada. A toalha é entregue ou você encontra dentro do próprio armário. Muitas saunas dão chinelos. E, claro, o bar sempre existe, mas acho que é mais para cortar um pouco a inibição. Tem gente que odeia conversar na sauna e acha que não é para isso que elas servem. Eu sou da opinião que sauna é um bar/balada com um dresscode mais “leve”…

– Como é a estrutura: são vários tipos de saunas grandes, a vapor e seca? Quantas pessoas cabem?

RAFAEL – Tamanho varia bastante também, mas geralmente são os dois tipos de sauna, algumas vezes com jacuzzi e até piscina. Acho que as menores devem caber em torno de 200 pessoas, mas estou chutando. Acho que há uma rotatividade bastante grande: algumas pessoas querem gozar e ir embora; outras querem passar mais tempo.

– Você já entra lá, fica pelado e a galera tá se pegando loucamente? Ou quem se interessa tem algum espaço específico pra fazer sexo – um quarto, uma cabine?

RAFAEL – Rola um flerte, ou até umas pegadas mais fortes para mostrar interesse. Acariciar a “mala”, a bunda, apertar o mamilo… Mas geralmente as pessoas são educadas e aceitam bem as rejeições – desconsidere aqui os bêbados e sem noção. Rolando a química, os caras é que escolhem onde fazer: pode ser ali mesmo, em algumas das cabines com portas que a sauna geralmente oferece e até dentro das próprias saunas, por que não? Algumas oferecem quartos com cama e tudo.

– Desconfio que existam vários héteros de fachada por ali, não? Inclusive casados… Eles falam de boa sobre isso?

RAFAEL – Tem alguns sim. Uns falam, outros nem comentam, mas acho que muitos talvez se aproveitam desse preconceito que os próprios gays têm com as saunas e confiam que nunca iriam falar ou sair por aí espalhando qualquer coisa.

– Existe um perfil entre os frequentadores ou tem gente de tudo que é tipo/idade/profissão etc?

RAFAEL – Tem tanto perfil que as saunas costumam fazer dias e festas temáticas, até para tentar deixar todo mundo à vontade: quarta do estudante, noite dos dotados, matinê dos ursos. Sauna é que nem coração de mãe: cabe tudo quanto é gay. Mas algumas saunas mais antigas às vezes acabam atraindo um público mais maduro.

– Homens costumam ser bem práticos em relação ao prazer. Ir a uma sauna gay é uma forma rápida e direta de dar umazinha? Por que não usar um dos vários aplicativos de encontro pro público gay, a exemplo do Grinder?

RAFAEL – Com certeza. Apesar dos aplicativos facilitarem aquele nosso sexo casual de cada dia, eles não vêm com local, não vem com diária de motel, limpeza do quarto depois de tudo. E muitos gays ainda moram com família, pais ou simplesmente não querem receber um estranho em casa. A sauna acaba juntando o casual com o local. Sem falar que tem um pouco de“fetiche”: se exibir para outros caras, fazer sexo com mais de um, sexo em público…

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*Este post foi originalmente publicado na coluna da Nath no Yahoo.

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