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O que você achou do filme 50 tons de cinza?

Em julho de 2012, quando eu era repórter de comportamento da revista Época, o editor me entregou um calhamaço de papel com o título “Cinquenta tons de cinza”. Disse que o livro, com mais de 30 milhões de exemplares vendidos na gringa, seria lançado no Brasil na semana seguinte. Minha missão era ler e investigar com psicólogos e sexólogos o motivo de tamanho frisson. Por que as mulheres lutaram tanto por igualdade e independência para agora se derreterem numa literatura erótica tida como meia-boca, cujo protagonista (Grey) dominava emocional e sexualmente uma virgenzinha de 22 anos (Anastasia)? A reportagem, na íntegra, pode ser lida aqui. Separei um trecho que resume minha conclusão:

740_capaÉ improvável que a maioria das mulheres assinasse o acordo de Grey para ser sua escrava sexual. Mas não deixa de ser intrigante que essa fantasia de submissão seja avidamente consumida por mulheres modernas. Depois de ascender socialmente nas últimas décadas, elas controlam a família, os filhos e as finanças do casal. Ganharam voz ativa em casa e no trabalho. Por isso, parece natural que, no teatro sexual, se permitam perder o controle. “Elas passaram a se impor no cotidiano e, no sexo, se sentem mais à vontade para buscar a submissão como forma de equilíbrio emocional”, afirma Oswaldo Rodrigues, do Instituto Paulista de Sexualidade. “É uma brincadeira”, diz a psicanalista Diana Corso. “Não significa que ela será submissa em outras esferas da vida.”

As feministas, claro, não gostam desse tipo de explicação. Ela reverte, ao menos entre quatro paredes, décadas de conquistas psicológicas. Simpatizantes do universo sadomasoquista argumentam que Cinquenta tons de cinza é piegas e não reflete a verdadeira cultura do grupo. Conservadores dizem que a história é degradante e inspira violência contra as mulheres. Curiosos leem para entender o burburinho. São pessoas como eu, que acabam multiplicando o efeito viral e os lucros de Erika. Aos amigos homens, uma sugestão: a leitura talvez os faça entender que não basta dizer “eu quero tchu/eu quero tcha” para conseguir uma noite memorável. Às amigas que perguntam se o livro é bom, respondo: depende. Literariamente, não. Literalmente, sim. Faz lembrar que o sexo deveria ser prioritário mesmo na correria do dia a dia. 

Falhei, na época, ao não me aprofundar em algo que hoje considero fundamental. Que muitas mulheres possam enxergar a relação (não a fantasia sexual) como algo bacana, sem se dar conta da violência psicológica e do caráter abusivo de ter alguém controlando e ditando a sua vida. Que elas romanceiem uma dinâmica nada saudável e realmente acreditem no clichê do “príncipe encantado”. Mas, ah, eu explico melhor meu ponto de vista em mais um Hang Out com a Julieta Jacob, do blog Erosdita. Nós duas vimos o filme e achamos que… bem, dá o play aí pra saber.

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Comentários
  • Oi Nat! Oi Juli! Aqui estou eu, atendendo ao convite de vocês e dando a minha opinião sobre o livro e o filme 50 Tons de Cinza. Li os três volumes e assisti ao filme. Concordo com vocês, que o filme retrata uma relação humana não saudável, por vários pontos que já foram exaustivamente expostos por vocês. Acho que o livro realmente abriu um espaço para uma discussão mais ampla e popular, sobre o tema sado-masô. E gostei disso. Mas acho também, que a personagem Anastácia, não é bem uma virgem tontinha, não. Ela deixa claro que nunca havia transado porque não quis. Logo, era virgem por opção. O sexo entre ela e Grey, sempre foi consensual. Ela, apesar de inexperiente, quis experimentar aquilo que ele estava propondo. E teve coragem de tentar. Não exitou em deixá-lo quando sentiu que seus limites estavam sendo extrapolados e ela não estava feliz. O livro deixa claro, porque participamos dos pensamentos dela (o que não ocorre no filme), que ela não tinha interesse no dinheiro dele. E também não achei que ela estivesse se vendendo, em nenhum momento. Ela sentiu prazer todo o tempo. Um prazer que muitas mulheres não sentem e não sentirão. Mas gostariam sim, de sentir. Talvez, esse seja o maior atrativo da estória: refletir o inconsciente de uma multidão de mulheres querem ter orgasmos como os de Anastacia. E para isso, estão dispostas até a brincar de serem submissas aos seus Greys. E na minha opinião, o maior poder desse personagem, Grey, é a capacidade de transformação que ele tem. O personagem Christian Grey sabe o que quer. Ele é poderoso. Experiente. Mas sua rigidez abre espaço para um sentimento novo. Sai de si mesmo e vai ao encontro dela. Todo o tempo ele está focado nela. Ele é focado no próprio prazer também, mas na prática, ele não é egoísta. E isso o faz encantador. Mas claro que não se pode perder de vista, que é uma obra de ficção. Poderia falar de muitas outras impressões. Mas não quero ser cansativa. Beijo nas duas!

    3 de março de 2015
    • Concordo plenamente com você Joana, o que torna a história principalmente do livro mais atrativa, não é a relação de submissão em si, mas sim a curiosidade, a coragem e iniciativa da Ana em explorar sua sexualidade e seus limites. Também enxergo um contraponto interessante entre a relação sexual e o envolvimento emocional de uma relação, vejam que a evolução física desta relação ocorre junto com o crescimento do envolvimento emocional dos personagens.

      15 de março de 2015
    • Otima analise, tbm li os livros e assisti o filme e é bacana.

      1 de abril de 2015
  • Ola, eu não li o livro então acho que vou ter que ler e assistir novamente o filme, pois achei o fraco também, mesmo sem ter lido o livro parece que faltou algo, um pouco mais de erotismo talvez!
    Eu não conhecia seu blog, estava no youtube e vi um vídeo seu, assisti, gostei e entrei aqui! Parabéns!

    5 de março de 2015
  • Bom dia na minha opinião o nosso país não sta preparado para receber esse tipo de filme e o colocar em pratica na vida dos sonhadores de orgasmos igual na pelicula do filme , o nosso país não tem cultura para colocar em pratica, não tem leis para coibir um ser estuprador que será acordado ao ver esse filme ,esse filme pode despertar desejos fantasiosos em pessoas erradas tanto no homem quanto na mulher , ex: a mulher que tem um banana em casa ( vai rolar traição), a mulher que tem um machista em casa ( vai provocar um ciume, o cara vai querer saber porq só agora ela quer , vai falar que ela esta traindo pois isso é novo e ele nunca conheceu este lado da mulher , vai chamar a mulher de puta ,vai rolar briga ou pior agressão . eu achei esse filme um cursinho de como virar biscate vadia e como despertar um estuprador e um machista pior que ja existem.

    10 de março de 2015
  • Oi meninas!
    Li a trilogia de Cinquenta Tons. Não tenho o menor interesse de ver o filme porque como sabemos, a leitura tem sempre muito mais carga emocional. E o primeiro filme, minha filha foi ao cinema ver, realmente não tem nada que agregue, é sem sentido, porque falta todo envolvimento que temos como leitor.
    Lendo os 3, resumindo. Considero uma aventura sexual, leve, embora eu seja do tipo mulher ingênua sexualmente, sei que tem muito mais no mundo real. Mas o que envolve de fato, pelo menos me envolveu, é o poder dessa mocinha ingênua trazer esse homem maravilhoso que pode ter tudo e todas pra ela. E quebra todas as regras impostas pelo tal macho no fim das contas.
    De quem realmente era o poder e o controle no fim das contas?
    É o último sonho da mulher, a transformação em um homem sensível, protetor e forte na cama.
    Um romance feminino mesmo, que mesmo independentes que somos hoje, interiormente, queremos essa troca no amor física e emocional. O homem se entregou e ela gostou do sexo!
    E quem não gosta de um pouco mais de aventura e prazer!?
    Beijo meninas!

    14 de março de 2015
  • Eu somente vi o filme e achei completamente tosco, pelo frison causado achei que era super picante, erótico…mas na verdade minha visão foi bem diferente, fixei meu olhar no drama que estava rolando dele com suas questões internas e a dela em não ter o príncipe por inteiro. Quando me perguntaram o que eu tinha achado do filme, falei “se vc quiser assistir drama, vai assistir 50 tons”. Eu achei as cenas de eróticas, sem erotismo, a única cena que realmente achei gostosa do ponto de vista erótico foi a pegada no elevador, que durou não mais que 3 segundos, fora isso esperava mais.
    Nath eu adoro contos eróticos, já escrevi alguns mas nunca publiquei em lugar algum,quando vocês falaram do livro que tem essa questão de descrever os detalhes, vejo isso nos meus contos, todos os detalhes existem detalhes que dão o contexto, o cheiro, o gosto e tudo mais, muitas mulheres gostam desse tipo conto mais sensorial, de pensar no detalhe, no universo da cena. Adorei a opinião de vocês… bjs Lika Rossi

    25 de março de 2015
  • Eu sou a parte que leu por curiosidade. De tanto minha irmã ficar dizendo: – vc tem que ler! Ai eu li!
    E o que me agradou foi justamente a parte em que ele se foca nela através de um sentimento que pra ele não existia. Concordo muito com o que foi dito acima até porque entre quatro paredes quem manda é o desejo e a liberdade de dar e receber o prazer. O resto é blá, blá, blá rsrsrsrsr

    14 de agosto de 2015
  • Olá, tudo bem ?

    Acredito que o filme não correspondeu ao que é demonstrado no livro, acho que faltou um pouco de “potência sexual” e acredito que nem de longe atingiu as expectativas de milhões de pessoas.

    CLARO que não poderia ser reproduzido de forma 100% fidedigna devido a censura, mas, ainda assim, acredito que dava para gerar uma imersão maior.

    15 de setembro de 2015

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