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Chá de lingerie: apimente seu futuro casamento

Noivas mordem. Dois meses antes do casamento, então, melhor manter uma distância segura. Organizar uma festa, seja lá de que tamanho for, é uma experiência emocional e financeiramente desgastante. Você tá numa reunião de trabalho importantíssima e a empresa de docinhos te liga: “forminhas bege, nude ou cor de pele?”. Péra, não é a mesma coisa? Não, não é. Você fazendo aquela compra de mês no supermercado e a tia da sua sogra quer saber se pode levar umas amigas do clube de tricô. E o toldo que você esqueceu de contratar, em caso de temporal, mas agora verba acabou? Olhando para um ano e meio atrás, tenho pena do meu marido.

Ele convivia com um zumbi de “The Walking Dead”: raivosa, sempre rosnando e devorando nacos de sua imensa paciência. Queria ajudar, coitado, mas eu nunca ficava satisfeita com as decisões que ele tomava. Noivas mordem. E são absolutamente centralizadoras. Não sabem delegar tarefas. Lembro do dia em que, no meio de um surto imbecil, ele me pegou pelos ombros e disse: “Ei, isso aqui é pra ser um troço legal. Relaxa! Vai ser lindo e emocionante mesmo que você esqueça um detalhe ou outro”. Era isso. Muitas vezes, enquanto pechincha e briga com fornecedores, a noiva ignora o verdadeiro sentido do evento. Quer realizar a festa mais impressionável do mundo – e descuida do relacionamento que levou a tudo isso.

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A surpresinha que minhas amigas-madrinhas me arrumaram no chá de lingerie

Não sei o que seria da minha sanidade sem minhas amigas. Inventamos de fazer um chá de lingerie. Felipe e eu já morávamos juntos, não precisávamos de mais panelas. Em segundo lugar, porque eu apostava: um bom casamento necessita mais de conjuntinhos rendados que escorredores ou colheres de pau. Havia uma lista com o tamanho do meu sutiã e sugestões de presentes: algemas, óleo de massagem, venda etc. Como eu não tinha um puto pra gastar, uma madrinha emprestou o salão de festas do prédio, outra fez o convite, aquela lá se voluntariou pra decoração… A gente tinha uma desculpa pra trocar mil e-mails hilários todo dia.

Por exemplo, decidimos que não haveria um livro tradicional de receitas das convidadas. Eu preferi passar vergonha na cozinha do que na cama. Quis uma caixa com conselhos sexuais anônimos. É claro que reconheci muitas delas pela caligrafia e morri de rir com dicas como “o sexo oral da nhá benta” – tirar a base do doce e encaixá-lo na cabeça do pênis. Essa foi apenas uma das surpresas que recebi. Elas gravaram um QUIZ com meu marido, em que ele me desafiava a acertar coisas como “onde foi o primeiro beijo” ou “quando rolou a primeira transa”. Contrataram uma drag queen que me fazia pagar o mico de simular um strip cada vez que errava um presente. Escrevemos um contrato que Felipe deveria assinar se quisesse casar comigo (“massagem todo dia”, “cueca furada jamais” etc).

Foram horas impagáveis de diversão. Saí revitalizada daquele encontro. Até hoje, quando o clima lá em casa dá uma esfriada, tiro uns presentinhos da gaveta. É por isso que escrevo esse texto. Recebi alguns e-mails de leitoras perguntando se poderiam me contratar para animar o chá de lingerie. Elas não querem drag queen nem stripper, mas conversar de um jeito bem-humorado (e útil) sobre sexo. A cada texto, eu me sinto mais próxima de vocês, como uma amiga que confessa trapalhadas e dilemas numa mesa de bar. Então, resolvi atender o pedido e criei um projeto com atividades bacanas para as noivinhas desse país. Se você quiser mais detalhes e um orçamento, entra aqui. Ah, e quando o noivo lhe perguntar quando é que você vai apresentar os presentes do chá, responda: “Só depois do casamento! Pelo menos você vai poder tirar a virgindade das lingeries, querido”.

(Bônus: eu e Felipe trocamos longos votos na cerimônia do nosso casamento. Deixo aqui pra inspirar as noivas)

Preta,

Eu sempre acreditei que um dia iria casar com a minha melhor amiga. Nas últimas semanas, o que mais ouvi das pessoas foi: “você está ansioso com o casamento?” E eu respondia: “não”. De todas as decisões que tomei, pedi-la em casamento foi a mais serena e racional. Afinal, eu sempre soube que um dia… iria casar com a minha melhor amiga.

Eu sempre acreditei que amor e amizade são sentimentos que caminham lado a lado. Tive alguns amores e tenho muitas amizades. Mas nunca havia encontrado em ninguém as duas coisas. Difícil saber qual dos dois, em nossa relação, veio primeiro. Arriscaria dizer: foi parceria à primeira vista e amor construído com o tempo. Afinal, eu sempre acreditei que amor e amizade, independente da ordem, são sentimentos que caminham lado a lado.

Eu sempre acreditei no destino, mas também nunca duvidei da existência do acaso. Por isso, não saberia apontar o responsável pelo nosso encontro. Gosto de dividir a culpa entre os dois – e também entre os nossos amigos de faculdade. Foi o acaso que me levou a São Bernardo, ou o destino que me trouxe uma caiçara santista? Não sei. Não importa. Afinal, eu sempre acreditei no destino e no acaso.

Eu sempre imaginei construir uma família tão bonita quanto a que eu cresci, em Interlagos, na casa dos meus pais. E a possibilidade nunca me pareceu tão real quanto ao seu lado. Porque família, Nathy, é aquela que escolhemos para estar ao nosso lado – pode parecer clichê, mas são aqueles com quem compartilham bons e maus momentos. Eu, Nath, escolhi dividi-los com você, minha parceira.

Eu sempre me imaginei dizendo isso: “eu vou te amar na alegria e na tristeza, na saúde e na doença”. Mas nunca concordei com a parte do: “até que a morte os separem”. E ainda bem que você também não, Nath. Eu te desejo livre, AMOR, feliz e realizada. Eu a quero assim, para que estar comigo seja uma escolha, como é, e nunca uma obrigação. Afinal, até agora, foram nossas escolhas que promoveram o nosso encontro.

E é por isso, AMOR, que reunimos tantas pessoas queridas aqui hoje: para reafirmarmos a nossa escolha. Eu, apesar de não parecer, estou tranquilo: lembra, eu sempre soube que um dia casaria com a minha melhor amiga. Você não é só a minha melhor parceira, PRETA. É a minha escolha. Eu te amo. Quer casar comigo?
*** 

NATH > Preto,

Pouco mais de um ano atrás, eu deixei um recado com batom no espelho do banheiro enquanto você dormia e saí. Ainda sonolento, diante da pia, leu o seguinte: “Você está olhando para o homem da minha vida”. E a sua primeira reação foi “será que sou eu mesmo?”.

Há sete anos, você era apenas um japonês tímido e cabeçudo que entrou atrasado no primeiro dia de aula na faculdade de jornalismo. Não foi amor à primeira vista, definitivamente. Você namorava, eu queria curtir solteira essa nova fase da vida. Mas as nossas carteiras nas salas teimavam em se aproximar, estendendo cochichos, risadas e confissões. Em dois meses, você já não estava mais perto de mim – estava dentro. Derrapamos muito no começo dessa história que não parecia ter futuro algum: dos beijos desajustados à incompatibilidade de gênios. Com o tempo, aprendi a desconfiar das primeiras impressões, a construir uma relação em outras bases. Não com a fúria das paixões, mas com lucidez e maturidade. Fomos nos encaixando devagar, só que em definitivo. Porque amor não é olhar para o outro e enxergar só aquilo que a gente gostaria que fosse verdade. É ter a coragem de desvendar cada defeito, mania e diferença. Naquela manhã, deixei você na cama com o pijama mais desgrenhado e um ronco qualquer, mas levantei com uma serenidade profunda e inédita: “é ele”.

É lindo olhar perceber o que há de você em mim – e vice-versa. Uma transformação por convivência, não por imposição. As trocas que geraram um equilíbrio natural. Essa mulher mais calma e plena. Esse homem mais desperto e aberto. Há um ano e meio, encaramos o desafio de viver sob o mesmo teto. E quem convive com a gente sabe que nunca estivemos tão apaixonados, nem mesmo nos primeiros meses de namoro. É por isso que olho para o futuro com otimismo, não com medo. Confio que, ao contrário dos casais fogo-de-palha, cada dia vai superar o anterior em cumplicidade, carinho e admiração. Quando eu estiver povoada de rugas e ainda rabugenta, quero te ouvir me chamando de “véia”… desmontando meu mau-humor com alguma graça barata e infalível. Enquanto tudo o que eu conhecia de amor era peso, você me botou asas. Leve e livre, eu te escolho novamente todos os dias, ignorando qualquer outra opção.

O maior e mais importante contrato não foi aquele assinado no cartório, não é esse diante das pessoas que amamos. O verdadeiro contrato de casamento, Fê, é aquele que firmamos todas as noites, quando enroscamos nossos pés debaixo do cobertor e grudamos testa com testa. E é esse que vamos rever de tempos em tempos, fazendo os ajustes necessários. Virão dias de tédio, cansaço, irritação. As tentações tendem a se multiplicar. Essa é a má notícia: a de que é impossível ser feliz o tempo todo e para sempre. Então, se eu puder pedir uma única benção seria “a capacidade perene de nos reinventarmos”. Que as nathalias das próximas décadas continuem amantes e amadas dos felipes do futuro. Que a gente volte a se apaixonar de novo, muitas vezes, de formas lindamente diferentes. Agora nós dois somos uma família. E pode olhar para esses olhos boiando de alegria. Eles estão refletindo a mesma coisa que te escrevi naquele espelho com batom: “Você é o homem da minha vida”.

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Comentários
  • Gente… engasguei com esse finalzinhooooo …. Que o amor seja eterno…. Adorei o post….

    8 de novembro de 2013
  • aiiiii queridaaa… Hj eu estava um lixo. Sabe aquele dia que vc acha que vai desidratar de tanto chorar. Mas quando eu li seu texto (especialmente a parte dos votos) fiquei mais feliz sabe… Aquela pontinha de esperança de que as pessoas ainda podem ser felizes juntas, se divertir, sonhar, rir… essas coisas. Até as suas fotos rindo me deram um sentimentozinho, uma luzinha la no fundo… Mesmo não comentando, eu leio TODOS os seus textos e adoro seu uma das suas pimentinhas. hauhauah bjoosss

    8 de novembro de 2013
  • Lindo, casal, lindo texto e linda lição para as noivas…Vida longa para “Na Pimentaria”. bjo

    8 de novembro de 2013
  • ó eu chorando no trabalho lendo os votos! demais! <3

    8 de novembro de 2013
  • O romantismo nunca sairá de moda, adorei os post!!

    8 de novembro de 2013
  • Gente, simplesmentei tô apaixonada pelos votos! Principalmente porque acabei de ter uma DR com o que eu acho que é o homem da minha vida. Mas quero parar de achar, quero ter certeza. Lindo demais, amor pra todas nós :)

    8 de novembro de 2013
  • aaaaaaaow *-* mtas felicidades q seja eterno e feliz esse amor de vcs…

    8 de novembro de 2013
  • Mais uma vítima da burocracia… que nada vê e nada sabe… enquanto pena atrás das grades, seu processo entulhado nas prateleiras é apenas mais um, que muitas vezes depende de vozes insensíveis, inábeis e imperitas. O processo não tem vida própria, ele é a vida do prisioneiro, são interligados, mas distantes, enquanto um sofre as crueldades da cadeia o outro aguarda fielmente o cumprimento da lei, as vezes sob a égide da incompetência… e assim caminham dependentes, unos, mas nada sabem um do outro.

    12 de janeiro de 2014
  • Meu Deus!!! Que votos mais lindos e profundos!!! Quase chorei no final!!! Lindo, lindo, lindo!!! Desejo que Deus abençoe sempre e cada vez mais vocês dois!!!

    31 de janeiro de 2014

Post em resposta a Sexo tântrico: horas de relação, com orgasmos intensos e sem ejacular. Pode isso, Arnaldo? | Pimentaria Cancelar resposta