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Bom-humor contra estereótipos

Toda mulher hétero usa saia, salto alto e tem o cabelo comprido? Todo cara hétero gosta de futebol e cerveja? Todo negro é bandido e todo rastafári fuma maconha? Estereótipo é coisa perigosa. Aquela imagem pré-concebida de alguém, mania de definir ou limitar uma pessoa de acordo com o que a gente ACHA que ela é. Claro, sem dar oportunidade de conhecê-la.

Semana passada, o humor inteligente do roteirista Pedro HMC (um “desperdício”, muitas dirão, de 29 anos) me encontrou nas redes sociais. É dele o vídeo que questiona, de um jeito leve e muito divertido, como os gays são vistos por aí. Porque, em pleno 2014, há quem acredite que todo gay se depila, adora poodles e escuta Lady Gaga. Bicha, você tá muito enganada…

“Quando você se assume gay pra alguém, vem junto uma série de preconceitos e estereótipos que não necessariamente tem a ver com você só porque você gosta de se relacionar sexualmente com o mesmo sexo. Nada contra os estereotipados, mas a intenção é mostrar que qualquer um pode ser gay. A maioria dos caras no vídeo, se você vê na rua, não bate o olho e diz que é gay”, afirmou Pedro em entrevista ao Pimentaria.

Ele idealizou o Põe na Roda, um projeto fresquinho (leia-se: bem recente) que inclui fan page no Facebook e canal no Youtube. Toda terça, às 11h24, vai ao ar um novo vídeo. O primeiro, igualmente maravilhoso, incentiva que os gays economizem nas “chucas” porque São Paulo está passando por uma crise com a falta de chuvas. Você não sabe o que é chuca? Beeeem, ele fica tímido para explicar: “da mesma maneira que você escova os dentes ou masca um chiclete pra beijar seu namorado, os gays fazem a chuca antes de dar”. Não entendeu, né, amiguinho(a)? Eu digo na lata: significa lavar o canal do reto (sim, do cú) – uma questão de higiene e educação para quem curte sexo anal.

O Pedro me contou um pouco mais do projeto e de sua carreira:

– Numa pesquisa rápida, vi que você já trabalhava com comédia…
Sou designer por formação, mas há 5 anos virei roteirista de humor. Escrevi o Furo MTV (aquele jornal maluco que tinha na MTV Brasil com Dani Calabresa e Bento Ribeiro) por 3 anos, o Comédia MTV e Adnet Ao Vivo também durante esse tempo (2010 – 2012). Atualmente trabalho na Band onde sou roteirista de chamadas e dou uma mão em algumas matérias da Dani Calabresa no CQC. Também tenho uma coluna de humor no site da Folha toda sexta onde (tento!) faço piada com as notícias da semana.

– Quantas pessoas estão envolvidas no Põe na Roda? É um lance colaborativo ou você faz tudo sozinho (grava, roteiriza, edita…)?
A princípio eu mesmo. Mas como nada se realiza sozinho, chamei (intimei rs) alguns amigos a me ajudar, seja participando dos vídeos ou até emprestando equipamentos, cedendo a casa como locação, etc, porque eu não tinha nada senão ideias a princípio. Desde que comecei esse projeto em fevereiro (pra lançar agora em abril), escrevo os roteiros, gravo e edito, mas agora venho contando com ajuda de alguns amigos (um que tem uma produtora me ajuda com equipamento, outro tem um chroma em casa, outro me ajuda a editar, e assim vou tentando encaixar no meu tempo fora do trabalho, é um desafio). Como não lucro nada ainda, é na base da amizade mesmo, mas claro que, tendo condições, pretendo ter uma equipe que de fato trabalhe, até pra poder delegar essas funções que são muita coisa pra fazer sozinho.

– Quando e como surgiu o projeto?
Frustrado com meu lado profissional que não rolou como eu esperava em 2013, pirei na ideia de criar um canal no youtube (pela liberdade criativa e autoral que a Internet propicia) em janeiro deste ano, mas não sabia exatamente o que fazer. Não queria mais um canal de esquete, e ao mesmo tempo percebi que temos pouco conteúdo gay no Brasil, tendo um público em potencial bem grande. Aí juntei o que eu gosto: gay e humor e saiu o “Põe na Roda”. Uma semana antes de lançar o primeiro vídeo (e tenso porque não sabia qual seria a receptividade e sou ansioso), lancei a página no Facebook e o canal. O número de inscritos só tem aumentado desde então (já são mais de 21 mil até agora).

– Qual o seu objetivo com ele?
Resolver minha frustração profissional de 2013, um ano em que trabalhei muito, mas me realizei pouco. Basicamente fazer projetos que gosto e acredito, que me dão antes de grana, realização. Gosto de escrever esquetes, propor programas e ideias malucas. Tinha essa liberdade na MTV e não encontrei fora. Acho que a Internet é o lugar ideal pra isso hoje.

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